segunda-feira, 11 de outubro de 2010

OS PRE TEXTOS DE FALVES SILVA



O artista multimidia Falves Silva, lançou recentemente o belo livro PreTextos. uma edição muito curiosa , pois os livros feitos pelo poeta são completamente originais, com uma edição limitadíssima, pois a produção até agora foram de apenas 15 unidades, devido a complexidade de produção de cada exemplar, colagens, poemas, cores, papeis especiais montados cuidadosamente justificam o trabalho de Falves. Quem quiser adquirir o seu exemplar basta encontrar o poeta na cidade alta. A edição conta com a colaboração da Oficina Gráfica do Sebo Vermelho sob o comando do mestre Miro


“Pintor surrealista em 1966, poeta/processo a partir de 1967, Falves Silva, em apenas dez anos de atividades experimentais no interior de uma forte especulação (anti)literária, conseguiu se firmar como um dos maiores produtores contraculturais brasileiros do momento. Seus poemas e sua lucidez crítica e produtiva colocam-se no centro da vanguarda a mais militante possível, entre nós, de Anchieta Fernandes a J. Medeiros, de Dailor a Wlademir Dias-Pino. (...) E Falves Silva é um produtor, com os olhos voltados para o alcance (estético) da produtividade, seja em sua vertente formalista, seja em sua vertente estrutural. (...) Falves Silva é um produtor, repitamos: ele não “cria” poemas, o que seria cair no vício humanista da “criação” idealizada segundo padrões acadêmicos; ele produz poemas, o que implica a materialização de linguagens que existem dentro de um contexto social determinado. O poema, materialmente proposto, tem uma vigência histórica que é também cultural.”



MOACY CIRNE,

em A POESIA E O POEMA DO RIO GRANDE DO NORTE (Natal: Fundação José Augusto, 1979, p. 33-36)

“A poesia concreta trazia experimentos com a palavra e com seu espaço. Apesar dessa inovação, ela se encerrava na palavra. Nós buscávamos algo novo, e, em 1967, começamos a divulgar uma nova teoria, muito baseada na obra de Wlademir Dias-Pino. Ele fazia poema/processo. Como trocávamos correspondências com Moacy [Cirne], que nesta época morava no Rio, o contato foi tornando real um movimento que chamamos poema/processo.”

“É importante frisar que o movimento foi uma luta contra a palavra. A linguagem havia evoluído muito desde a poesia concreta. Começamos a estudar e a perceber que em países como Itália e no Chile já havia uma poesia chamada visual. Eles consideravam figuras, perfurações, transparências e mesmo o ato de um protesto, como sendo um poema. Nós nos inspiramos nisso. O poema/processo nasceu com a proposição de não ser fechado em si e por isso mesmo. Era o fim do copyright (direitos autorais). Se uma pessoa pega o meu poema e faz uma versão, ambos estamos trabalhando numa idéia, seja uma proposta de arte, política ou tecnológica.“

“Processo é uma coisa em construção. Se a poesia tradicional acha que um poema está concluído, possui um autor, que não aceita que ninguém o altere, o poema/processo , por sua vez, tem a tese do poema em processo. Só tem valor quando seu processo é trabalhado por diversos autores, com novas versões, partindo do gráfico para o objetual, para o cinematográfico, até esgotar toda aquela proposta inicial do poema. Eu, Dailor e Marcos Silva sugerimos que o movimento fosse chamado de “programações/processo”, mas a sugestão não foi aceita pelos do sul e não pegou nacionalmente. Achávamos que, para radicalizar totalmente contra a literatura, nossas produções não deveriam ser chamadas de poemas.”

(José de Anchieta Fernandes Pimenta, nascido em Caraúba, Rio Grande do Norte, em 1939. É autor da obra Por uma vanguarda Nordestina, 1976).

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