terça-feira, 16 de agosto de 2011

A REEDIÇÃO DE UM LIVRO HISTÓRICO



Em janeiro passado, com alguns amigos, revendo a Bahia, suas livrarias e sebos, tomei conhecimento da reedição desta Descrição de Uma Viagem a Canudos, de Alvim Martins Horcades, feita em parceria entre a Universidade Federal da Bahia e Governo do Estado, em 1996, nas comemorações do cinquentenário da UFBA.

Descrição de Uma Viagem a Canudos foi publicado em 1899, dois anos após a guerra e três anos antes de Os Sertões, de Euclides da Cunha, em 1902. É o diário de um estudante de Farmácia, da Faculdade de Medicina da Bahia, que passou três meses em Canudos, cuidando dos combatentes feridos. De todas as publicações sobre o massacre de Canudos, é o mais sincero depoimento que li sobre o assunto.

Alvim Martins Horcades fez parte dos 25 estudantes de Medicina que a Bahia mandou para o palco da guerra; presenciou todos os horrores e fez o que seria hoje a autópsia no cadáver de Antônio Conselheiro.

Nove dias de Serrinha, Queimadas, Alagoinhas, Monte Santo e Canudos, dormindo e descansando à sombra dos umbuzeiros. Ao chegar em Monte Santo, vinte léguas de Canudos, Martins Horcades encontrou 600 soldados feridos, dependendo do atendimento de dois médicos.

Alvim Martins Horcades, baiano de Porto Seguro, tinha 27 anos quando esteve em Canudos, coordenou o Hospital do Sangue e escreveu Descrição de Uma Viagem a Canudos. Relata que morriam, diariamente, de 10 a 15 combatentes, que “às 12 horas do dia 6 de setembro ruíra uma das torres da Igreja Nova e às 6 da tarde do mesmo dia a outra perdera a bela conformação e já era escombro”.

Distante 20 léguas da Vila de Monte Santo, 34 de Queimadas e 90 de Salvador, Canudos tinha 5.200 casas em 1º de outubro de 1897, quando 5.871 combatentes praticaram o mais sanguinolento combate travado no solo brasileiro. Foi o dia em que Canudos caiu, com a degola dos últimos sobreviventes.

Dos 25 generosos e valentes expedicionários da Faculdade de Medicina, 16 eram da Bahia, 5 de Pernambuco, 1 do Rio de Janeiro, 1 do Maranhão, 1 da Paraíba e 1 de Alagoas.

Descrição de Uma Viagem a Canudos é leitura e referência obrigatória para estudiosos e pesquisadores da guerra do fim do mundo.

Abimael Silva
Sebista e editor

Um grande detalhe desta edição é que ela será lançada durante o Seminário sobre José Calazans, no Museu de Canudos, de Natal presença do editor Abimael Silva, do Prof. João da Mata Costa, do designer Afonso Martins, sob as bençãos do Bispo de Itaipu, o grande Inácio.

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