Soneto
onde se trata da matéria do canto e
de concerto (enguiçado) no arÉ de surpresa real, e não de invento,
que meu canto se nutre. É de nonada:
gaivota em pleno vôo e mar e vento —
viva escritura, sob o azul, lavrada.
Ante o que é breve e passa, pouco intento:
expurgo a vã palavra. (Nada, nada
me desconcerta mais do que o evento
de vê-la, nesta folha, restaurada).
Se me ocorre o poema, apenas tomo
o tempo em que ele paira, irresoluto,
entre a consumação e o desacerto.
Mas se me esvai, deixo-o de lado como
um canto que se perde, sem reduto,
enguiçado, no ar, o seu concerto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário