terça-feira, 19 de julho de 2011
Prosa e Poesia de H. Castriciano por Daladier Pessoa Cunha Lima Reitor da FARN
José Geraldo de Albuquerque prestou valioso contributo às letras do Rio Grande do Norte, ao pesquisar e reunir textos, prosa e poesia, de Henrique Castriciano de Souza, a pedido da Professora Noilde Ramalho. Todo esse material, de grande significação literária, foi obtido em diversas fontes, as quais foram os meios de divulgação de criações do grande poeta e escritor norte-rio-grandense. São três livros publicados, volumes I, II e III sob o título “Henrique Castriciano – Seleta, Textos e Poesias”, respectivamente, em 1993, 1994 e 2004. Ao todo, são 228 trabalhos, especialmente crônicas e poesias, que HC escreveu para jornais e revistas de Natal, de Pernambuco e do Rio de Janeiro, além de alguns discursos e conferências. Na antiga capital do país, onde o poeta viveu por vários anos, os escritos saíram em prestigiosos jornais da época, com destaque para “O País”, “Brasil” e “A Notícia”, e, no Rio Grande do Norte, a maioria ilustrou as páginas do jornal “A República”.
Sabe-se que Henrique Castriciano foi convidado por Pedro Velho, em 1891, ou seja, aos 17 anos, para escrever em “A República”. O trabalho mais remoto a figurar na pesquisa do Professor José Geraldo é de 1892, e o mais próximo no tempo é de 1938, ambos publicados naquele jornal. Por mais de uma vez, o autor/organizador dos três volumes desta Seleta-Textos e Poesias transmitiu-me sua convicção de que existem prosa e poesia da lavra de H. Castriciano ainda não redescobertos, que devem ser procuradas nos arquivos de jornais e revistas do Rio de Janeiro das primeiras décadas do século passado, além de outras fontes.
Agora, a Liga de Ensino do Rio Grande do Norte, por decisão do atual presidente, Manoel de Medeiros Brito, resolveu reunir em um só livro os três volumes que contemplam os 228 trabalhos escritos por Henrique Castriciano e coligidos por José Geraldo de Albuquerque. A publicação, com o selo da editora Sebo Vermelho, faz parte das celebrações – julho de 2011 – do 1º Centenário da Liga de Ensino do RN. Trata-se de louvável iniciativa, porquanto reúne grande parte da produção intelectual de um dos maiores escritores do Rio Grande do Norte, em todos os tempos. Os leitores irão encontrar expressiva poesia – romântica, parnasiana e simbolista –, a qual teve alguns poemas traduzidos no estrangeiro e presentes em antologias nacionais e internacionais, bem assim uma prosa de qualidade superior, com refinado estilo para transmitir ideias de uma pessoa voltada aos valores do espírito, profundamente culta e sensível. Câmara Cascudo, em seu livro biográfico Nosso Amigo Castriciano, assim se expressa: “O estilo de Henrique, na prosa alheia ao romance é claro, mantém-se ágil, de uma precisão segura, com uma elegância, vivenciada, coloridos insuperáveis”.
Nos três volumes de prosa e poesia de H. Castriciano, lançados anteriormente, é mantida a ortografia original usada pelo autor. Desta feita, a opção foi transmudar para a forma ditada pelo atual acordo ortográfico dos países lusófonos, em vigor no Brasil desde 2009, à guisa de tornar a leitura mais fluente. Esta obra encerra um tesouro da produção literária norte-rio-grandense. Apenas para citar algumas peças, vejam-se as nove crônicas sobre a vida e a verve do poeta Lourival Açucena – que se desdobraram no livro “Versos” (1927 e 1986), de C. Cascudo – , os poemas “A Estátua” e “O Mar”, ou a conferência “Educação da Mulher”, pronunciada na sessão solene de instalação da Liga de Ensino do Rio Grande do Norte, em 23 de julho de 1911. Três anos depois, em 1914, a Liga de Ensino criou a Escola Doméstica de Natal, que se transformou, mesmo erguida de tijolo, de cal e de concreto, no principal poema de Henrique Castriciano.
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