segunda-feira, 6 de junho de 2011

A análise perfeita sobre artes e artistas com muito humor, mas verdadeiro.

Galeria Tosquista - Revelando segredos (comentários funcionando!)


Então você quer ser um marchand. Quer trabalhar em uma galeria de arte, receber artistas querendo vender incríveis pinturas, mas não sabe bem como julgar uma obra tosca. Encontrar o horrível, o verdadeiramente e cru da arte tosquista não é fácil. Aqui darei algumas dicas para que você consiga, em uma simples olhadela, dizer se é o que está pendurado na parede é um quadro digno do movimento tosquista ou uma simples (e sem graça) arte naïf ou moderna.


Lição 1 – Manetas

Uma das coisas mais difíceis de desenhar são mãos. Pergunte a qualquer desenhista ou aspirante a artista: mãos são coisas complexas, cheias de dedos e centenas de movimentos diferentes. Mãos expressam muitas coisas, porém artistas do movimento tosquista encontram sempre um jeito de escondê-las para não ter que se dar ao trabalho de desenhá-las. Ou até as desenham, parecendo uma bola de massa de pão.



Observe as mãos dos querubins. Esses pequenos anjinho alados têm bolas de ping-pong no lugar das mãos. O anjo do meio está depressivo porque queria pegar o ramalhete, mas a falta dedos o faz acariciar as folhas com suas manetas cotocas. O querubim do topo está mostrando para os colegas “Ei galera, eu grudei o ramalhete com durex aqui ó, funcionou!”. O querubim enrolado na toalha ( que também não tem pés) está fazendo um gesto obsceno para seu amiguinho. Okay, ele estaria, se tivesse o dedo do meio. Ou qualquer outro dedo.



Lição 2 – Cabelos no rosto

Okay, o sujeito não sabe desenhar mãos e também não sabe desenhar rostos. A única coisa que guia seu pincel (oi trocadilho) são peitos e bundas. Um clássico nas obras tosquista são mulheres com cabelos cobrindo o rosto, sem mãos e pés, mas com peitos enormes, mamilos salientes e bundas desenhadas com compasso. Mulheres sem rosto. Raimundas, Mulher-Camarão, “Cobre essa cara com Travesseiro” etc, etc. Com tufos de cabelo no lugar da cabeça.





Imagino o artista recebendo a modelo em casa: “Isso, fica parada nessa posição. Certo. Mostra os peitos. Arrã. Eu vou colocar essa peruca na sua cara tá bem? É isso mesmo, na sua cara. É uma obra conceitual querida. Você é linda, sério. De verdade. Opa, seu olho tá aparecendo aqui, é pra cobrir o rosto INTEIRO, arruma a peruca. Não quero ver nem a ponta do seu nariz. Tá linda!”


Lição 3 – Fundo e aproveitamento da tela

Muitos artistas toscos não desenham paisagens de fundo na tela. O céu é sempre um azul chapado com nuvens que parecem panos de chão enrolados - a floresta se assemelha a um pequeno montinho de vômito verde e a grama, um tapetão sujo, as pedras, algo que saiu do traseiro de algum animal. E também há “eu não tenho noção de espaço”, ou seja, o artista não sabe medir o tamanho da tela e o objeto pintado se perde em um monte de elementos colocados aleatoriamente, sem harmonia alguma. Essa é a parte mais complexa de se julgar um quadro tosco e exige um olho técnico para se chegar à simples conclusão de: “que p*** é essa?”.


Assim:



Marilda se viu perdida enquanto boiava em pedaços de bife de alcatra em um rio de Curaçao Blue.



Agora você já sabe um pouco mais sobre como analisar obras tosquistas. É um universo vasto e muito rico de material para estudo. Bota vasto nisso. Tem obra tosquista até na parede do meu quarto.



Quero mandar um grande beijo a todos os leitores e desejar um ótimo 2011. Obrigada por acompanhar o Shoe-me, de verdade. O ritmo está um pouco lento aqui nesses dias de festa, mas logo fica normal, prometo.



Extraido do Blog. Shoe-me / uol

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