Quando GAL COSTA nasceu, no dia 26 de setembro de 1945, o mundo festejava o começo de um período histórico repleto de perspectivas otimistas, mudanças de comportamento, alterações culturais e avanços políticos. A Segunda Guerra Mundial, que embaralhou por seis anos os podres poderes das grandes potências, deixando um saldo de milhões de mortos, havia acabado 24 dias antes com a rendição oficial do Japão.
Esse dado foi tão determinante que, no Brasil, multidões foram às ruas saudar os soldados brasileiros que retornavam das batalhas travadas na Itália. A população aproveitou a euforia para reivindicar mudanças na política ditatorial de Getúlio Vargas, atrelado ao poder desde 1939. Eleições diretas são convocadas, mas o Exército, por temer a reeleição de Getúlio, promove um golpe "preventivo": Vargas renuncia em 29 de outubro. Eurico Gaspar Dutra é eleito o novo presidente e, entre os seus primeiros atos oficiais, estava o encerramento definitivo dos cassinos no Brasil.
Na França, as mulheres finalmente adquiriam o direito ao voto, até então exclusividade masculina. Carmen Miranda, residente nos Estados Unidos desde o final da década de 30, chega ao posto de terceiro artista mais bem pago do show business norte-americano. E, por ainda não existir televisão, o cinema e o rádio eram veículos extremamente poderosos e populares. Em 1945, Joan Crawford ganha o Oscar de melhor atriz pelo filme Mildred Pierce, e o trompetista Oscar Peterson faz a sua primeira gravação. O trio vocal Andrews Sisters conquista os hit parades com Rum and Coca-Cola, hoje um clássico do pós-guerra.
No Brasil, a revista de maior circulação era a extinta O Cruzeiro, fundada por Assis Chateaubriand. As rádios apontavam sucessos como Bolinha de Papel (Geraldo Pereira), Izaura (Herivelto Martins e Roberto Roberti) e Eu Nasci no Morro (de Ary Barroso). As cantoras mais importantes eram as irmãs Linda e Dircinha Baptista. O malemolente Dorival Caymmi lançava duas canções, Dora e Doralice. Com sua voz de barítono, Nelson Gonçalves encantava o Brasil com a épica Maria Bethânia, composição que o destino levaria, no interior da Bahia, a fazer um menino chamado Caetano Veloso a batizar em junho de 1945 sua irmã caçula com o mesmo nome da canção escrita por Capiba.
Eduardo Logullo
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