segunda-feira, 19 de julho de 2010

CAICÓ....SUAS LUZES E SUAS SOMBRAS...UMA VIAGEM COM SEU SOUZA



Souza, arquivista da luz e da sombra
D. Pedro II foi o pai fundador das coleções de fotografias no Brasil. Amigo dele era um militar reformado da Guerra do Paraguai, Dom Obá (negro livre, descendente da nobreza africana). Não consta que o Rei Obá juntasse fotografias. Mas eis que sua história cruza-se com a de nosso Souza. Militar reformado do Exército brasileiro, Souza cumpre mais esta missão, agora uma batalha para que lembranças suas e de outros suspirem os ares da eternidade. Afinal, o simulacro da imortalidade cabe tanto aos gestos fotografados, quanto ao ato de quem entesoura almas.
Souza enovelou o tempo ao arquivar fotografias. Encapsulou imagens em instantâneos perenes para poder degustar o tempo perdido, desfiando carretéis de fotogramas. O leitor/expectador irá - seguindo o ofício em que o autor se esmerou - fruir deste cinema imóvel.
Cumpre à memória lembrar e esquecer. Acender e apagar lampejos de toda tragédia e comédia humanas que vicejaram indiferentes ao metro e à rima. A fotografia é um desses suportes da memória e como seu sucedâneo expõe e esconde, guarda e rejeita.
No armazém imaginário de Sousa cabem todos. Aquela rua que ficou congelada ao sol de domingo de 1900 e uns tantos. Colegiais cuja juventude já envelheceu junto com a fotografia. Desportistas que permutaram o movimento pela pose pétrea. Famosos regionais que se pensavam universais em seus diminutos satélites. Poderosos que até hoje parecem mais poderosos nas fotografias. Amigos de Souza que pensamos que sempre foram de nossos pais e, em priscas eras, nossos também. Digamos, blasfemando, que é um Orkut analógico.
Há arte em se deixar fotografar, em fotografar e em reunir retratos. Este livro são todos estes estados da arte e da memória. Souza acumulou, à guisa de cérebro, durante décadas, um significativo repertório fotográfico, a pasta de arquivo era sua rede neural. Com todos, Souza, orgulhoso, compartilhava esse passaporte para o passado. No entanto, seu álbum de tanto se multiplicar transmutou-se em livro, graças às artes divinatórias de Abimael Silva, editor, que sabe a hora exata de partejar livro em ventre de rascunho.
Ora, quem não tem Dom Pedro, caça com Rei Obá. Assim, nem perdemos o dom, nem a majestade.

Muirakytan K. de Macêdo

O acervo de Souza
Conheci Souza por acaso, no Bar de Ferreirinha, numa manhã de feira e muita cerveja. Para ser mais exato, primeiro conheci seu valioso arquivo fotográfico e fiquei seu fã.
Souza tem um arquivo com milhares de fotografias de Caicó e seus transeuntes. Este Caicó Através do Tempo é uma pequena apresentação de seu rico acervo.
Souza faz toda a diferença na cidade, com sua simplicidade e seu arquivo ímpar. É a memória viva da fotografia caicoense.
Se toda cidade tivesse um Souza, a história era outra e o Rio Grande do Norte não seria um elefante sem memória. Viva Souza!


Abimael Silva
Sebista e editor

LANÇAMENTO EM CAICÓ DIAS 24 E 25 DE SANTANA NO BAR DE FERREIRINHA.

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