quinta-feira, 30 de julho de 2009

WOODSTOCK 40 ANOS. ..TRÊS DIAS...UM FESTIVAL...UMA LENDA





TODOS OS CAMINHOS LEVAM À SANT´ANA




Ó mana deixe eu ir , oh mana eu vou só, oh mana deixa eu ir
pro sertão de caicó.

POLÍTICOS, PILANTRAS, HONESTOS, DELINQUENTES, INTELECTUAIS,
SEBISTAS, BÊBADOS, PARASITAS, PUTAS E DESVALIDOS...CAICÓ E SANT´ANA ACOLHE TODOS, COM SEU AMOR INFINITO.
VIVA A PADROEIRA...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O SEBO VERMELHO LANÇA "OS CÍRCULOS DO INVERNO" E MOSTRA A NOVA CARA DA POESIA POTIGUAR FEMININA - APRESENTAÇÃO DE NEI LEANDRO DE CASTRO



Poesia não tem sexo, mas as mulheres potiguares estão dando um banho nos homens, quando a prosa é a arte poética.
Há mais de vinte anos que as mulheres do Rio Grande do Norte estão dando régua e compasso na nossa poesia, ganhando quase todos os concursos literários e publicando excelentes livros.
Nos anos oitenta tivemos Nivaldete Ferreira, Marize Castro e Diva Cunha. Depois foi a vez de Iracema Macedo, Carmem Vasconcelos, Lisbeth Lima de Oliveira, Anchella Monte, Iara Maria Carvalho dos Santos, e agora chega Tatiana Morais com os Círculos do Inverno.
Conheci Tatiana através do amigo e professor Homero de Oliveira Costa, que falava de uma ex-aluna que escrevia poesia e trocou o curso de direito por artes cênicas.
Tatiana vem do Assu, a terra dos carnaubais, para ser a novidade poética e marcar presença no panorama da poesia norte-rio-grandense.


Abimael Silva
Sebista e editor

SERVIÇO
Lançamento dia 31 de julho
na Potylivros do Praia Shopping em Ponta Negra
a partir das 19h

domingo, 19 de julho de 2009

PARA LEMBRAR BERILO


“Lá se foi Berilo. Inacreditável a notícia de sua morte que nos chega como uma paulada ou um choque nos deixa entre incrédulo e brutalizado. Luís Carlos Guimarães, vizinho de frente, me tira da cama com o primeiro choque: Berilo teve um enfarte violento. Cinco minutos depois volta chorando: o poeta morreu!

Eram sete horas. Meia hora depois, ele deveria, como fazia todas as manhãs, chegar à redação com sua coluna diária. Morrera às cinco, quando mais ou menos acordava, madrugador habitual, para escrever a sua “Revista da Cidade”. Foi com este título que há 23 anos começou a fazer jornal aqui mesmo na Tribuna do Norte.

Berilo andava pela redação dando os primeiros passos na reportagem. A “Revista da Cidade” era uma coluna que eu assinava todos os dias já há algum tempo. Fui passar uns meses em Maceió e ele ficou de interino. Quando retornei, o poeta havia conquistado o espaço. A crônica leve, descontraída, o estilo simples, enxuto, a ironia fina, a farpa bem colocada, estava no gosto do leitor. Mexia com os assuntos do cotidiano, descobrindo tipos que ele encontrava pelos becos e bares da Cidade, contando histórias, registrando acontecimentos, ocorrências literárias da província, as primeiras descobertas da noite, a boemia entre amigos, recados para Maria Emília nas entrelinhas de suas anotações ou nos versos que publicava.

Sexta-feira outra, uma noite na casa de Leda e Luís Carlos Guimarães, seus velhos amigos e companheiros, bebíamos vinhos e falávamos sobre os bons amigos. Luís Carlos era outro encantado com a prosa de Berilo. Este mesmo tema ocupou um bom pedaço de tempo de uma conversa que tive com Zila Mamede, na Fundação José Augusto. Berilo tinha que publicar o seu livro de crônicas. Difícil era convencê-lo, passar pelo seu despojamento, um pessoa sem vaidades. Berilo não pensava em publicar livro nenhum. Mas nós iríamos topar a empreitada.

Quinta-feira conversamos pela última vez, aqui mesmo na redação, no começo da tarde. Veio trazer a “Revista da Cidade” de domingo, pois o Segundo Caderno dessa edição era fechado na sexta. Demorava pouco, entregava a matéria e se perdia num dedo de prosa com os colegas: literatura, cinema, música popular brasileira, vinhos. Era o que gostava de conversar. Quando não, quedava-se em ouvir e sempre o fazia assobiando um chorinho, um samba, qualquer outra música que apreciava. Na nossa conversa derradeira da quinta-feira folheamos juntos o último livro de Hélio Galvão e ele, que não era muito de elogiar, não deixou de admirar a profundidade o valor da obra. E discretamente como entrou, deixou a redação como um até logo.

Éramos amigos há 26 anos. Conheci-o em rodas de poetas e boêmios na calçada da Sorveteria Cruzeiro. Berilo se destacava do grupo e chamava a atenção de todos não somente pela inquietude e a ironia fina, mas também porque gostava de usar uma varinha de bambu como se fora um marechal de campo. Mas a nossa amizade se firmou mesmo quando fomos convocados para servir no Exército. Decididamente foi o soldado mais desengonçado que passou pelo 16º. Regimento de Infantaria. O grupo está todo aí: Márcio Marinho, Varela Barca, Tota Zerôncio, Daniel Diniz, José Erb Ubarana, José Mesquita Filho, Aildo Gibson, Walderedo Nunes. Dos que me lembro agora enquanto tento, Deus sabe como, escrever essas coisas. Éramos os responsáveis pelo máquina burocrática do Regimento. O poeta exatamente, imagine, o encarregado do serviço do protocolo.

Depois foi a fase da Faculdade de Direito. Fazíamos um jornalzinho “subversivo”, acho que a primeira experiência de imprensa alternativa. “O Porrete” era o nome do jornal, todo mimeografado e que nos dias mais incertos e inesperados aparecia causando furor nas salas de aulas do velho casarão da Praça Augusto Severo, onde hoje, veja só, funciona a Secretaria de Segurança. Foi por esse tempo, me parece que em 1956, que o poeta publicou o seu primeiro livro, Telhado do Sonho.

O poeta navegava no seu lirismo. Tinha 22 anos de idade. Foi o único livro que publicou. Depois, o jornalismo foi consumindo o poeta. Nascia o excelente cronista, o crítico literário, o crítico de cinema, dividindo o tempo com uma promotoria pública e uma boemia que sempre o acompanhou. Esteve na Europa fazendo um curso no Instituto de Cultura Hispânica. Entre outras coisas, voltou doutor em vinhos, doutoramento que o levava quase religiosamente ao generoso balcão do bar de Nemésio, o espanhol. Também andou por terras de São Paulo e Rio de Janeiro, fazendo jornalismo. Mas o apelo da terrinha foi mais forte. Veio e retornou ao jornalismo diário e ao ensino.

Fui reencontrá-lo na Fundação José Augusto, ensinando no Faculdade de Jornalismo Eloi de Souza. Depois na UFRN para onde fomos juntos com o curso. Quando assumi pela terceira vez editoria de Tribuna do Norte, nesta atual fase, fui buscá-lo na A República para assinar a sua “Revista da Cidade” em nosso Segundo Caderno.

Nos últimos anos, conversávamos praticamente todos os dias. Ou aqui na redação ou pelas alamedas e salas de aula do Campus ou nas casas dos amigos comuns. Fora do trabalho, nos encontros sociais ou nos desencontros dos restaurantes e bares da Cidade, ele sempre ao lado de Maria Emília, sua mulher, companheira, amiga, um namoro do qual sou testemunha de seu nascimento. Trocávamos livros sobre os quais fazíamos comentários e tínhamos o mesmo gosto pelos bares quase vazios e uma queda para apontar o ridículo da província.

Berilo Wanderley morreu aos 45 anos de idade. Deixa Maria Emilia, sua mulher, quatro filhos menores, sua mãe, Dona Maria Amélia, o irmão Gilberto. Deixa uma saudade enorme nos amigos, companheiros e uma legião de admiradores. Deixa uma enorme vazio nesta Cidade, hoje muito mais carente de valores humanos. Berilo morreu dormindo. O seu coração parou no alvorecer de Natal. Neste instante da tragicidade da vida, caberia aqui cantar um verso de um de seus poemas: “Passa o alento, passa o vento, já não sou”.

Woden Madruga

terça-feira, 14 de julho de 2009

OS BONS COMPANHEIROS


Lenine Pinto, Abimael Silva e o Grão Mestre Ticiano Duarte,
brindam a Nei Leandro de Castro.
Sob as lentes de Canindé Soares

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O SEBO VERMELHO RELANÇA TELHADO DO SONHO DE BERILO WANDERLEY


BERILO WANDERLEY - BREVE BIOGRAFIA: Nascido a 21 de abril de 1934 em Natal - RN, de infância comum, aluno marista, enfrentou uma educação literária segundo ele aquém de medíocre.
Formado em Direito, ainda enfrentou a Promotoria Pública onde se desencantou. Poeta, cronista, trabalhou também como jornalista. Em 1994, quinze anos depois de sua morte foi lançado o “Revista da Cidade”, um livro de contos, crônicas, poemas e fragmentos de Berilo Wanderley, organizado por Maria Emília Wanderley.

O PLANTADOR DE LETRAS


Abimael Silva lançou em sua editora Sebo Vermelho 266 livros nos últimos 19 anos. E sonha em lançar mais.

09/07/2009 - Tribuna do Norte

Marcílio Amorim - Repórter

Sufocado entre comércio, ambulantes e bancos - no principal corredor do Centro da Cidade - um relutante visionário continua a brigar pelo seu sonho. Um sonho que vem rendendo frutos em milhares de páginas e milhões de letras. Já se passaram 25 anos que Abimael Silva desistiu da carreira de bancário para trabalhar com livros usados. Assim nascia o Sebo Vermelho, considerado hoje um fenômeno editorial potiguar e brasileiro.

Para isso, fez – talvez – o maior sacrifício da sua vida: disponibilizou todos os 600 títulos de sua biblioteca particular para iniciar o negócio. Nos idos de 85 a inflação e a situação econômica do país impossibilitavam um caminho diferente.

“Nasci no interior e sempre trabalhei. Já vendi bala na praia e na rua; já acordei às cinco da manhã pra trabalhar numa padaria e por fim virei bancário. Mas eu tinha uma vontade danada de trabalhar com livros. Acabei largando tudo e investindo no sebo”, relembra Abimael que até hoje tenta recuperar alguns títulos vendidos nessa época.

Hoje o Sebo Vermelho é uma das principais editoras do nosso Estado, tendo inclusive reconhecimento nacional.

Abimael Silva edita um novo livro a cada dez dias e passará e editar um por semana, com lançamentos previstos para todos os sábados, no mesmo local de faixada encarnada onde continua vendendo seus livros usados.

Lembrando que, os méritos de Abimael são totalmente próprios, o editor e sebista não conta com apoio ou patrocínio algum de nenhum órgão público, privado ou Leis de Incentivo à cultura. “Utilizo o lucro de um livro pra editar o outro. Quando estou mais ‘liso’ edito um livro mais fininho e vou me virando”

O primeiro título editado pelo Sebo Vermelho foi “Écran Natalense – Capítulo da História do Cinema de Natal” (Ed. Sebo Vermelho, 1990), do escritor Anchieta Fernandes. “Editei o primeiro livro com muito sacrifício por ser um livro muito importante, que eu queria ver pronto. Me empolguei. O livro foi adotado por universidades e outras instituições, logo já estava editando o segundo”, conta.

Quase vinte anos depois, a Sebo Vermelho já contabiliza 266 títulos lançados, além de continuar sendo o único sebo do Brasil que edita livros. “Quase todos falando sobre o Rio Grande do Norte”, orgulha-se.

Embora tenha tiragens muitas vezes tímidas (entre 50 e 500 exemplares), a editora não propaga só novos autores e obras inéditas. A Sebo Vermelho editora também faz um importante trabalho de resgate de nossa literatura através reedições de livros importantes. “Prefiro reeditar”, confessa Abimael.

Inclusive, o lançamento desta semana é exatamente a reedição de “À Memória de Auta de Souza – Homenagem do Instituto Literário 2 de Julho”, uma obra rara da poetisa Auta de Souza, lançada originalmente em 1901, um mês após a sua morte.

O lançamento acontece dentro do projeto “Sempre Sábado” (título em homenagem ao poema homônimo de José Bezerra Gomes). O projeto é mais uma iniciativa de Abimael Silva, dessa vez em busca da revitalização do Centro da cidade. “A manhã de sábado no Centro da cidade está cada vez mais morna, mais deserta. Quero fazer com que as pessoas circulem por aqui com alguma pretensão literária”. Na sequência (dia 18/07) o livro “Simplesmente Josefa”, da professora mossoroense Maria José Pinheiro será o próximo lançamento. O projeto “Sempre Sábado” acontece entre 10hs e 12hs, no Sebo Vermelho (Av. Rio Branco, 705 – Centro).

Livrarias, leitores e sonhos

No final dos anos 90 Natal vivenciou uma retomada do fôlego das livrarias. Franquias chegaram até Natal. O que já existia passou a crescer, veio a Bienal e empresários locais também apostaram nas letras. Não faltavam opções.

Os espaços eram compostos, com direito a café, lan house, espaço infantil, saraus poéticos, projetos, exposições e muita cultura sendo apresentada em shows, pequenos espetáculos e debates. Na época, o termo BookeStore era novidade, era chique e logo, logo fez a cabeça de boa parte da sociedade potiguar, que adora tudo que está na moda ou tem cheiro de novo.

Como uma febre, tudo passou. Hoje presenciamos o encolhimento e o desaparecimento de muitos - pra não dizer da maioria – desses espaços.

Na opinião de Abimael, o atestado de óbito tem como a causa-morte o suicídio. “Eu acho que as livrarias de Natal sumiram ou encolheram por não valorizarem as letras produzidas em nosso Estado e por não investir na relação com os escritores locais. É um pacto de escravidão. Para lançar um livro em uma livraria temos que bancar a edição, desenrolar a mídia, imprimir e distribuir os convites e o material gráfico e providenciar até os salgadinhos. No final, só quem ganha é a livraria”, afirma o editor.

Para ele, outro fator capital, é a questão do pouco envolvimento dos empresários com a vida cultural da cidade. “Você não encontra nenhum dono de livraria em eventos culturais. Acho isso uma omissão. Eles não criam uma relação e não conhecem a literatura produzida aqui. Não tem que dá cabimento só a quem é de fora. É preciso respeitar os autores potiguares”, disse em tom de protesto.

A sua relação com as letras não é financeira. Segundo Abimael, ainda não conseguiu ganhar dinheiro com os livros, faz tudo por amor. “No início eu tinha uma ilusão danada que ia ganhar dinheiro fazendo livro. Descobri que não no 32º lançamento da Editora. Investi alto num livro que só vendeu 70 exemplares. O valor arrecadado não cobria nem metade dos custos de produção. Na época, eu estava com vontade de construir um muro na minha casa em Pium e achei que faria isso com o lucro do livro. Até hoje minha casa está sem muro!”.

O amor pelo livro também está motivando Abimael a sonhar. Até 2010 ele pretendo montar a sua própria livraria, para vender apenas títulos de autores potiguares. “Quem sabe depois dessa matéria eu realizo?!”Alguém duvida que ele consiga?

Mystico

Vai cantora do Horto, nympha da poesia entoar os teus hymnos janeto ao Senhor
Vai alma de sentimentos puros, dormir o sono eterno.
Dormes...mas o teu nome não dormirá: será sempre chamado e gravado nas páginas laureas da história (…)

Poema escrito por Ferreira Campos em 14 de Março de 1901. (extraído do livro “À Memória de Auta de Souza)