segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Evoé Gumercindo

Por João da Mata

IV – Personalidades da Cultura do Rio Grande do Norte

Foi uma das personalidades mais cativantes que Natal conheceu. Baixinho e simpático. Nasceu em João Câmara (antiga Baixa Verde), em 1915. Foi um grande namorador e curtidor da vida que o levou de supetão numa noite festiva. Sua casa comercial fez história e as discotecas de muitos melômanos foram enriquecidas com os discos comprados ou doados por Gumercindo. Ficava ali na cidade alta onde hoje estar situado o Sebo Vermelho do amigo Abimael. A Casa da Música do Gumercindo vendia instrumentos musicais, partituras, livros, revistas e discos 78 rpm. Foi o maior vendedor dos antigos bolachões pesados e quebradiços. Uma musica de um lado outra do outro. Gostoso ouvir o Rei da Voz naqueles discos. Boa parte da grande e famosa coleção do Dr. Grácio Barbalho foi adquirida via Gumercindo. Um eterno apaixonado pela musica brasileira e erudita.

Tocava um violino que fez a alegria de Natal durante décadas. Ficou me devendo uma visita há muito tempo agendada. Um dia entrei na sua Casa/ templo de música, comprida e acolhedora, e ele me fez um teste de partitura. Foi fácil, pois tinha estudado piano durante cinco anos. Ele não sabia desse meu histórico. Claro, na escola de música tomei conhecimento dos seus livros sobre o mundo da música e seus compositores fabulosos. Adorava ler os livros de Gumercindo e participar do mundo e da vida de Beethoven, Chopin, Bach e tantos outros músicos fabulosos.

Escreveu um livro pioneiro sobre o musicólogo Cascudo; “Cascudo um Musicólogo Desconhecido” (1969), o excelente Trovadores Potiguares e muitos outros livros. Pouco antes de falecer veio à lume alguns livros sobre o Folclore, outra de suas paixões, pela editora Itatiaia. Lendas do Brasil, Adágios, provérbios e termos musicais e A gíria brasileira (1988). Foi presidente do Instituto de Música do Rio Grande do Norte e participou ativamente de tudo que se relacionasse com Musica em Natal. Poeta e compositor de inúmeras modinhas: “Minha Natal” com Zé Praxedi, “Segredos” com o maestro Esmeraldo Siqueira entre outras canções que faziam a alegria de uma cidade que forneceu grandes músicos para o Brasil e o Mundo.

Um dia ele me convidou para ir á sua residência onde abrigava uma bela biblioteca. Entre outras preciosidades lá encontrei uma Coleção/ Biblioteca de Obras árabes. Nesse dia ele me vendeu alguns livros de História da Musica e biografias de compositores.

Havia emprestado a Gumercindo um livro sobre a música popular brasileira no tempo de Getúlio Vargas. Meu amigo faleceu e não tive coragem de ir à sua casa em busca do meu precioso livrinho e muito menos de comprar os livros da sua biblioteca. Livros vendidos imediatamente após a sua morte e acumulados ao longo de um vida dedicada à Musica. Vida vivida no compasso e elegância de uma sonata para violino de Brahms. Vida a serviço da cultura do estado do RN.

Tempos depois encontrei o livro que tinha emprestado a ele em um sebo da cidade alta. Gumercindo era muito querido de todos. Um amigo que deixou uma enorme saudade e um vazio na cidade.

Freqüentador assíduo dos sebos e do uisque era um apaixonado pela vida que ele tragou sofregamente.

Evoé meu querido amigo.

Extraido do Blog Substantivo Plural

Abram Alas para os Trovadores Potiguares





O historiador, músico e imortal da Academia Norte-rio-grandense de Letras deu grande contribuição à história do RN com a publicação de Trovadores Potiguares, a primeira história da música do Rio Grande do Norte, em 1962, por uma editora paulistana.
Gumercindo reuniu os grandes violões do passado: Heronides França, Eduardo
Medeiros, Olympio Batista Filho, Deolindo Lima e muitos outros talentos que musicaram os poetas Auta de Souza, Ferreira Itajubá, Gothardo Netto, Lourival Açucena, Othoniel Meneses, Palmyra, Carolina, Sinhazinha e Segundo Wanderley.
É mais um livro importante e raro que o Sebo Vermelho reedita em edição fac-similar, como marco inicial das comemorações do centenário de Gumercindo Saraiva.
Gumercindo nasceu em Baixa Verde, em 29 de dezembro de 1910. Publicou os seguintes livros: Esperanto, Risos e Lágrimas na Música, Cascudo, Musicólogo Desconhecido, Lendas do Brasil, Dicionário da Gíria – dos marginais às classes de elite, Trovadores Potiguares e Adágio, Provérbios e Termos Musicais. Faleceu em 20 de maio de 1988, quando fazia uma apresentação musical na Fundação José Augusto.

Abimael Silva

domingo, 26 de dezembro de 2010

Frei Damião por Jarbas Martins




a Inácio Magalhães de Sena, O Bispo de Taipu

Chegado a este sertão, onde escondera-se
o Pecado Mortal por Pensamento,
viu uma cruz, sob o sol que a derretera,
e o Diabo com sua cauda de espavento.

Espantalho de cera e pano e vento,
o olho azul a estourar-lhe a cara,
pregava em um deserto onde acampara
a trupe do Demônio e seus inventos.

Quem não lembra o toscano, esse Aretino
de Deus, a desatar o nó do sexo,
e trazer a luxúria ao peregrino

com imprecações, e rezas e bravatas,
e gozoso sugar, em meio ao séquito,
num peito magro o leite das beatas ?

sábado, 25 de dezembro de 2010

Primeiras impressões


Maria Betânia Monteiro - repórter

Descrever o caminho traçado para fazer a foto ilustrativa desta matéria é a melhor maneira de também descrever a poetisa potiguar Iracema Macedo. A proposta do repórter fotográfico Alex Régis era usar o cenário da cidade, as ruas, as calçadas. Para alcançar a saída mais rápida, pegamos o caminho onde são guardados os gigantescos rolos de papel-jornal. Iracema parou. Olhou os rolos. Achou lindo. Quis subir. E subiu. Feito criança, deitou-se e aguardou. Essa é Iracema poeta, “uma mulher como outra qualquer”, como disse, tentando convencer esta repórter, de que é uma pessoa comum. Seus versos, algumas rimas e sua forma especial de reter o mundo serão mais uma vez entregues ao leitor, durante o lançamento de “Iracema Macedo - poemas inéditos e outros escolhidos”, na próxima segunda-feira, às 19h, na Siciliano do Midway Mall.

O livro é, como o título sugere, uma reunião de poemas inéditos e outros escolhidos. “Os meus preferidos no momento”, disse a poetisa. Um deles dá o seu endereço, “Prisões”. Ela diz: “Antes eu era incêndio/ Agora faço seguro contra o fogo/ contra roubos/ Eu mesma era furacão/ Eu mesma roubava/ Agora apaziguo tudo e tranco/ Antes eu era perdas/ Agora sou vista pelo bairro, precavida,/ Comprando cadeados sob medida”.

Iracema está morando no Rio de Janeiro, depois de ter passado seis anos em Minas Gerais. Ela refaz o percurso de Carlos Drummond e cita um dos versos do poeta: “Espírito de Minas, me visita,/ e sobre a confusão desta cidade/ onde voz e buzina se confundem,/lança teu claro raio ordenador”. Iracema diz que ao chegar ao Rio de Janeiro invocou o espírito de Drummond para se adaptar à metrópole.

Apesar do remédio, não fincou os pés em solo firme. Tornou-se nômade de seus afetos geográficos. De corpo presente no Rio, é também moradora de Minas e Natal. Ela escreveu em “Raízes”: “E me perguntam onde estou/ e me perguntam onde moro/ Tornaram-se enfim questões delicadas/ Estou morando em minhas palavras/ Às vezes sede, às vezes navalha/ Às vezes também girassóis e asas”.

Iracema explica que mora nas palavras não só poéticas, mas também filosóficas, as usadas para dar aula no Instituto Federal Fluminense. “As palavras me sustentam, vivo delas, brinco que como palavras”. Encerrando o ciclo de perguntas e respostas sobre como é estar distante da terra Natal, Iracema conta que a saudade é grande. Saudade da família, dos amigos e da generosidade com que a cidade trata os poetas.

Peixe de aquário

O Rio de Janeiro inaugurou uma nova fase na vida de Iracema, a da que se ocupa não apenas com as aventuras poéticas, também com a cidadania. Com palavras simples ela descreve o que é ser cidadã: “É viver numa cidade, fazer algo pelos outros, trabalhar e criticar as violências, as injustiças e a barbárie. Por isso hoje eu já não vejo com tanta poesia os bandidos”.

É possível ver poesia nos bandidos? Um dia foi para Iracema. Quando tinha quinze anos de idade, ela e amiga Kátia, de 17, passaram a visitar os detentos da extinta João Chaves aos domingos. O objetivo era divulgar na escola, a precariedade da vida dos encarcerados. Lá conheceu homens perigosos, como Paulo Queixada, mas descobriu que o ser humano é extremamente amplo, que não há perfeições, isso lhe ajudou a enfrentar muitas outras dificuldades ao longo da vida, como a urbanização dos homens.

Morando no bairro de Santa Tereza, numa parte alta do centro do Rio de Janeiro, Iracema diz sentir como se estivesse numa cidade pequena. “Em Santa Tereza me oriento pelos trilhos do bonde”. Mas nem o bonde pode levá-la às aguas quentes do mar, para fazer o que precisa. Nadar. Ela então decidiu virar “peixe de aquário”, exercitar-se em piscinas de academias.

A alta temperatura desejada aquece apenas as suas lembranças. Dedicou à Praia de Ponta Negra as seguintes palavras: “Nadei tanto, tanto, tanto/ Fosse noite ou fosse dia/ anfíbio eu era/ metade água, outra terra/ sobrevivi porque contei tudo ao mar/ Ele sabe como respiro/ Guardei lá meus gritos/ E misturei minhas lágrimas e seus sais/ Fui queimada por algas/ E, alentada pela espuma leve,/ dei minha dor às ondas.”

Segurando o livre firme na mão, após ler os versos de “Praia de Ponta Negra”, Iracema disse que os poemas escritos no Rio são formas de se orientar melhor numa metrópole. Os enfrentamentos são muito, mas a poetisa não sabe dizer quando voltar.

Serviço:

Lançamento “Iracema Macedo –poemas inéditos e outros escolhidos”

(R$ 20), segunda-feira, às 19h, na Siciliano do Midway Mall.

bate papo - Iracema Macedo » poeta

VIVER - O que é o ser poeta?

É poder ver as coisas que todos nós vemos e traduzir em versos. Não é muito diferente de ser uma pessoa comum. A habilidade está em traduzir em poesia, o que é comum a todo o ser humano. É claro que existe uma habilidade para olhar, sentir e perceber, mas é poeta quem traduz tudo isso em versos.

VIVER – O lançamento deste livro, marca alguma fase da sua vida?

O livro é um presente de Abimael Silva e de alguma maneira comemora meus 40 anos, completados em 27 de junho. A ideia é também lançar o livro para um público que ainda não conhece os meus poemas, no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Agradeço muito este presente de Abimael e a Alexandre Oliveira, que fez a capa. A capa diz algo sobre a Iracema, que estuda e ama a cultura grega.

VIVER – E o que diz o seu nome?

Eu adoro ter este nome. Ele foi criado por José de Alencar e significa lábios de mel. Além de ser algo erótico, abençoa a vida e tira a ideia de amargura.

VIVER – em que crença você se apoia?

Não é ateia, sou o que se chama de politeísta. Acredito em vários deuses, forças imaginarias, com as quais podemos dialogar para enfrentar os momentos delicados. Gosto da música de Caetano, quando ele diz: “quem é ateu e viu milagres como eu, sabe que os deuses sem Deus, não cessam de brotar”.
Fonte: Tribuna do Norte

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Um grande ator...Assim foi sua vida


Paul Newman, o astro ganhador de Oscar e dono de lendários olhos azuis, alcançou o estrelato personificando renegados carismáticos, heróis atormentados e anti-heróis cativantes em filmes do calibre, por exemplo, de Desafio à Corrupção, Rebeldia Indomável, Butch Cassidy, O Veredicto, A Cor do Dinheiro e Indomável - assim é minha vida.

Mas Newman também foi uma figura estranha em Hollywood: um raro titã das bilheterias que se preocupava com o ofício de ator, um galã conhecido pela constância do próprio casamento e uma celebridade modesta que transformou a filantropia em cartão de visitas muito antes que isso virasse moda.
Fonte: Livraria da Folha

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Próximos lançamentos do Sebo Vermelho - A Historia de Estremoz tem relançamento - Ecos do Silêncio..recontando nossa história..





A História de Estremoz, uma das primeiras vilas do Rio Grande do Norte, o sexto volume da Coleção João Nicodemos de Lima, foi o primeiro sucesso editorial das Edições Sebo Vermelho, com 180 exemplares vendidos na noite de lançamento, na cidade.
A Irmã Maria Dionice da Silva, freira da Congregação Filhas de Santana, organizou documentos e textos, em poesia e prosa, sobre a Vila de São Miguel do Guajiru e os publicou em 1997, sem esquecer os historiadores João Alves de Melo, Júlio Gomes de Sena, Henrique Castriciano, Luís da Câmara Cascudo, Nestor Lima e Manoel Ferreira Nobre.
Estremoz é uma homenagem à cidade portuguesa, portanto, tem que ser escrito com es. Estremoz com ex é um erro gravíssimo que a Câmara Municipal tem que corrigir urgentemente, pegando como gancho a reedição de sua história.
Abimael Silva




Integro, acima de tudo

Leonardo Sodré
Jornalista

Conheci o professor Walner Barros Spencer em meados dos anos 1980. Naquele tempo fazíamos parte de uma comunidade que nos últimos tempos somente tem crescido. A dos adeptos do automobilismo “off road”. Eu era jipeiro e Spencer ralizeiro. Depois, por influência dele e pelo deslumbramento de praticar um esporte que mistura ciência e técnica, virei ralizeiro. Juntos, a maioria das vezes como cordiais adversários, pilotamos por várias regiões deste País.
Não é difícil descrever o meu bom amigo, conhecido pela integridade em tudo o que faz. O trabalho intelectual de pesquisador, professor e historiador, além de industrial durante algum tempo, não interferiu na sua veia esportiva. E, com esse espírito, o experiente campeão de rallyes de regularidade transformou-se no professor das primeiras gerações dos praticantes da modalidade no RN. Ficou famoso não apenas pelo fato de ter trazido o esporte, mas pelas exigências que fazia a nós, entusiasmados corredores. Ele foi incansável nos quesitos da ética e do bom comportamento, dentro e fora dos circuitos.
Spencer se revelava como um professor radical. Vocês estão construindo, cada um de vocês, os seus passados. Suas ações, agora, serão suas referências no futuro, dizia sempre.
Viramos amigos, irmãos. Vivemos períodos de grandes alegrias e outros de imensas tristezas com a morte de amigos. Mas, nunca deixamos de nos encontrar para comer um churrasco - feito por ele no seu retiro de Búzios. Nesses momentos - e sempre - ele está voltado para os valores da família, que gosta de reunir aos domingos, junto com antigos ralistas para reviver velhos tempos, mostrar seus textos, falar de poesia...
Neste livro, “Ecos de silêncio! A memória indígena recusada”, o professor Spencer, o cuidadoso professor de arqueologia - de grandes caminhadas investigativas com seus alunos -, resgata uma preocupação antiga sobre os verdadeiros heróis de nossa terra.
Uma vez perguntei a ele sobre os destino dos 90.000 índios, organizados, que existiam por aqui. Estávamos num restaurante repleto de gente. Ele entristeceu-se antes de responder. Estão por aqui, meu caro. Olhe ao seu redor... Estão em toda parte, mas perderam a identidade, foram massacrados de diversas formas, respondeu.
Não tenho dúvida, caros leitor, que você irá se deleitar com esse novo enfoque da História do Rio Grande do Norte pela tinta emocionada e detalhada do Rio Grandense do Sul que mais ama esta terra.
Boa leitura.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Dois Poemas de Zila Mamede


ARADO

Arado cultivadeira
rompe veios, morde chão
ai uns olhos afiados
rasgando meu coração.

Arado dentes enxadas
lavancando capoeiras
Mil prometimentos, juras
faladas, reverdadeiras?

Arado ara picoteira
sega relha amanhamento,
me desata desse amor
ternura torturamento.


O açude

Velha parede ponte limitando
os dois barrancos entre chão e chão.
Ao passadiço (em que montavam luas,
xexéus milipousavam no mourão)

a represança vinha da montante
em balde concha. Sobre a levação
do sangradouro retesou-se tempo
de quando as águas, nos rasgando a mão.

Desciam na revência, verdivida
amarelando cheiro de melão:
eram celeiros, peixes nos maretas

e em nós era ternura, era canção.
Sobras do antigo na menina extinta:
redorme na vazante a solidão.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A procura de um romance


Maria Betânia Monteiro - repórter

Ao entrar no apartamento, o amigo Geraldo Batista anuncia: “Nei, é uma mulher fazendo cobranças”. Provavelmente do quarto, o escritor responde: “Não recebo mulheres, e dá uma risada”. Aproxima-se, apresenta-se e oferece: “quer uma cachaça?”. Outra risada. Sentado, Nei Leandro de Castro aguarda as perguntas. Elas chegam, inicialmente motivadas pelo lançamento de seu novo livro, “A Rua da Estrela” — amanhã, na Siciliano do Midway, às 18h30. Depois, pela curiosidade.

Nei Leandro de Castro reúne em “A Rua da Estrela” 70 crônicas das mais de 300 que publicou nesta TN, e diz que falta inspiração para fazer o que mais gosta: escrever romancesNei Leandro de Castro reúne em “A Rua da Estrela” 70 crônicas das mais de 300 que publicou nesta TN, e diz que falta inspiração para fazer o que mais gosta: escrever romances
Nei é autor de quatro romances muito bem avaliados pelos críticos literários, sendo que um deles, as “Pelejas de Ojuara”, ganhou as telas de cinema. Além disso, foi redator os em agências de publicidade no Rio de Janeiro, responsáveis por encontros especiais, como o acontecido com o poeta Carlos Drummond de Andrade. As setenta crônicas reunidas no livro “Rua da Estrela” foram escolhidas entre quase quatrocentas publicadas nesta TRIBUNA DO NORTE, ao longo de cinco anos.

Seu texto revela em maior ou menor intensidade, os vincos da personalidade do autor, compondo quase uma biografia. Intercalando curiosidades e fatos tratados no livro, a conversa com Nei Leandro Castro (na manhã de ontem) de foi se desenrolando.

Você está morando no Rio. Algum motivo especial?

Nei: Eu sou uma pessoa dividida entre Natal e Rio de Janeiro. Gosto das duas cidades imensamente, mas algumas coisas me atraem mais no Rio. A agitação, sem ser a do Complexo do Alemão, mas a agitação literária. Lá tem muitas opções de acontecimentos literários, lá é praticamente diário, o que é muito importante. Senti muita falta disso em Natal. E o clima da cidade, a magia que tem o Rio, que verdadeiramente me atrai.

O livro traz temas bem variados: política, amizade, memórias. Como foi feita a seleção das crônicas?

Eu escrevo há mais de cinco anos para a Tribuna, todas as sextas-feiras. Havia então cerca de 370 crônicas. Eu não teria paciência para fazer a seleção, então convidei um sobrinho meu, Marcello de Castro e ele fez um trabalho maravilhoso e também exaustivo, o de separar 70 crônicas das que eu havia escrito.

As crônicas sempre revelam um pouco de Nei. É intencional?

Não faço isso com intenção, mas geralmente quando falo de minha infância e adolescência, vem o personagem. E eu até gosto deste personagem simpatizo, o Nei Leandro de Castro.

E o Nei, que aparece triste na crônica “A Presença da Poesia”, é real?

Eu não sou uma pessoa triste, mas talvez, quando eu escrevi aquilo, com certeza eu tenha tido alguma tristeza. Eu não sou. Escrevi, coloquei, desabafei e fiquei bom. Apesar de ser escrito em prosa, o texto é um poema.

Você acredita que a poesia cura?

A poesia é capaz de tudo. Consegue conquistar uma mulher acessível, bela como você, até curar os surtos de tristeza. A poesia não dá dinheiro a ninguém. Não dá camisa, quando muito, camisa de força, mas ela serve muito bem à humanidade.

Numa crônica você revela seu amor à poesia. Em outra, o ódio da arrogância. A arrogância lhe incomoda tanto assim?

Eu não vou citar nomes, mas há certos intelectuais da província, que têm uma arrogância do tamanho do Machadão, ou talvez maior um pouco. Eu tenho horror a pessoas vaidosas e arrogantes. A única pessoa arrogante, que eu suporto é Geraldo Batista de Araújo (risadas). Conheço pessoas maravilhosas como Pedro Nava, o maior memorialista que o Brasil já teve. Tive a felicidade de conhecer Carlos Drummond de Andrade. Duas pessoas de muita simplicidade, e olhe que era um grande poeta e um grande escritor que estavam ali.

Se você odeia a arrogância do homem. O que você admira?

Eu gosto muito da bondade humana, da generosidade das pessoas. Detesto o avarento, o mão de vaca. Acho que é uma das doenças mais cruéis. A avareza é uma doença mental. O avarento acha que tem gavetas no caixão de defunto e a mortalha tem bolsos. Não tem. O avarento morre cheio de dinheiro e morre sem prazer a vida inteira. Isso é uma doença grave.

O que lhe dá motivação para escrever?

Eu vou em busca deste tema. Às vezes eu só escrevo uma vez por semana, mas às vezes tenho dificuldade de encontrar o motivo. Quando eu tenho dificuldade, recorro à infância, aos velhos tempos, à Rua da Estrela, aos banhos no Rio Potengi, às pessoas, aos amigos em volta, aos jogos de futebol, às peladas, isso tudo está muito presente em mim.

Algumas dessas incursões lhe conduzem ao passado político, não é?

Às vezes realmente, encontro a resposta no meu passado político. Em 1964 eu fui preso, eu era de esquerda. A minha rebeldia fez com que eu nuca fosse filiado ao partido comunista. O comunismo, depois, todo mundo ficou sabendo, que é uma grande farsa. Ele vai passar para o rodapé da história. Durou apenas 74 anos e esse comunismo só fez uma coisa a meu ver: matou muita gente. Gente que quis ser comunista, que quis enfrentar o golpe militar. Quis realizar o sonho absurdo da revolução socialista no Brasil. Jamais conseguiria. Mas eu conheço figuras maravilhosas, como Luiz Maranhão Filho, que morreu por ser comunista. Emmanuel Bezerra morto por ser comunista. E muitos outros. Jamais fui ou serei de direita, mas o comunismo para mim morreu.

O fato do livro, “As Pelejas de Ojuara” ter virado um filme, interferiu na escrita de novos textos?

De jeito nenhum. Eu só lamento o seguinte: já faz algum tempo, que eu não escrevo romance. Eu gosto muito de ficção, eu gosto muito de escrever romance. Escrevi apenas quatro livros, eu gostaria de escrever mais. Eu faço caminhadas e fico pensando: o que é que eu vou escrever? Qual o tema que me levará a um novo livro de ficção? E não tem surgido esse tema, embora eu esteja à procura. Está faltando inspiração.

O livro A Rua da Estrela faz parte da Coleção João Nicodemos de Lima editada pelo Sebo Vermelho.
Fonte: Jornal Tribuna do Norte

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Yoko Ono e fãs de John Lennon lembram os 30 anos de sua morte

De Paul Ellis (AFP)

LIVERPOOL — Os fãs de John Lennon se reuniram nesta quarta-feira em Liverpool em uma vigília para lembrar os 30 anos do assassinato do ex-Beatle, morto a tiros em Nova York, aos 40 anos de idade, e que vem recebendo homenagens em todo o mundo.

Na cidade que viu os Beatles nascerem, as homenagens se concentraram em torno do monumento Paz e Harmonia, inaugurado há um mês em memória de Lennon.

Os fãs do músico acenderão velas, cantarão canções e lembrarão a vida de seu ídolo, cuja vida terminou abruptamente quando foi atingido pelas costas em 8 de dezembro de 1980 em frente ao edifício Dakota, onde ele vivia com a mulher, Yoko Ono, em Nova York.

O monumento Paz e Harmonia foi inaugurado em 9 de outubro - dia de seu aniversário - por Cynthia, primeira mulher de Lennon, e Julian, filho do casal, no Chavasse Park, para honrar um dos mais ilustres filhos da cidade.

Em Tóquio, a viúva de Lennon, Yoko Ono, marcou o aniversário de morte com um show, dizendo que o mundo ainda tem muito a aprender com sua vida e suas canções.

"Hoje, neste doloroso aniversário, por favor unam-se a mim para recordar John com profundo amor e respeito", escreveu Yoko Ono no Twitter, antes do show anual de caridade que organiza para lembrar o marido.

"Apesar da curta vida de 40 anos, ele deu muito ao mundo. O mundo foi abençoado com a sorte de ter conhecido John", completou.

"Mesmo hoje, continuamos aprendendo muito com ele. John, eu te amo. 2010/12/8 Yoko Ono Lennon".

Yoko Ono, que vive até hoje em Nova York, estava com o marido quando ele foi atingido nas costas por um fã com problemas mentais em 8 de dezembro de 1980 ao lado do "Dakota", o edifício onde o casal morava em frente ao Central Park.

Lennon teria completado 70 anos no último dia 9 de outubro.

Jerry Goldman, diretor de um museu sobre os Beatles em Liverpool, comemorou o fato de que "pessoas de todo o mundo estão vindo à cidade para fazer uma homenagem e lembrar a mensagem de Lennon de paz através da música".

Um show beneficente chamado "Lennon Rememorado - as 9 Faces de John", na Echo Arena de Liverpool, está marcado para a noite desta quinta-feira. Os fãs que forem ao evento verão vários grupos cover e ex-colegas de banda tocarem algumas das mais famosas canções deste ícone da música.
Entre as bandas programadas está "The Qarrymen", na qual John tocou antes de fundar os Beatles.
Depois de seu assassinato, Lennon se tornou lenda e símbolo de uma época, que continua sendo tema de livros e filmes aos 30 anos de sua morte.
O assassino, Mark Chapman, um jovem instável na época com 25 anos, admitiu a autoria do homicídio e disse que fez o que fez para chamar atenção.
Condenado à prisão perpétua, cumpre pena na prisão de Attica, ao norte de Nova York. Ele teve a liberdade condicional negada seis vezes, a última delas em setembro passado.
A viúva se opõe à libertação do assassino do seu marido por temer por sua própria segurança e pela do filho, Sean Lennon, hoje com 35 anos.
No fim de novembro, a TV americana exibiu "LENNONYC", dirigido por Michael Epstein, que relata a vida nova-iorquina do autor de "Working Class Hero".
Por outro lado, a primeira biografia filmada sobre o mais famoso dos Beatles, "Nowhere Boy", obra de Sam Taylor-Wood, estreou em outubro passado nos Estados Unidos, coincidindo com os 70 anos de nascimento do músico.
O culto ao artista chega até as casas de leilões: o manuscrito de "A Day in the Life", uma das canções mais famosas do grupo, foi arrematado em junho passado por 1,2 milhão de dólares, mais que o dobro do previsto.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Livro "mais caro do mundo" é posto à venda em Londres

Uma cópia rara do que já está sendo considerado o livro mais caro do mundo foi posta a leilão em Londres. "Aves da América", do ambientalista John James Audubon, é um dos principais livros de história natural do século 19. O exemplar que vai a leilão na Sotheby's, em Londres, está sendo avaliado entre quatro e seis milhões de libras esterlinas --entre R$ 11 milhões e R$ 16 milhões.

Apenas duzentos foram produzidos pelo autor. Dos que ainda existem, só 11 estão nas mãos de particulares. O diretor de livros e manuscritos da casa de leilões, David Goldthorpe, disse à BBC que a obra "combina raridade, beleza e importância científica".

Audubon fez questão de que os desenhos das aves fossem em tamanho real, ele afirmou.

Segundo Leslie Overstreet, curadora de livros raros de história natural do instituto Smithsonian, de Washington, a obra caiu no gosto popular assim que veio a público, mas foi duramente criticado pela comunidade científica da época. É que muitas ilustrações foram feitas por artistas a partir de aves mortas, e nem sempre condizem com o tipo de movimento típico das aves, ela contou.

Uma das mais criticadas mostra uma serpente atacando, de forma dramática, um ninho de pássaros. Para a curadora, o desenho é uma obra de arte no papel, mas vai contra "todas as regras" do ponto de vista científico.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O PLANETA PEDE SOCORRO











Filhotes de albatrozes são alimentados com lixo e plasticos pelos proprios pais, que confundem com alimento. Como não podem digerir o lixo plástico morrem as centenas, todos os anos..Vejamos o que poderemos fazer pelo nosso planeta em 2011.
Clique nas imagens para ampliação

Photos: Crhis Jordam

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Cultura POP pelas lentes de Herb Ritts
















‘Herb Ritts. The Golden Hour: A Photographer’s Life and His World,’ (Rizzoli), escrito pelo diretor de arte Charles Churchward, reúne imagens que representam o legado de Ritts. Há fotos inéditas e que são referência na carreira do fotógrafo, bastidores, fotos pessoais, além de depoimentos de pessoas célebres que conviveram com ele – como Elton John, Anna Wintour, Calvin Klein. A introdução do livro ficou por conta do amigo Richard Gere.

Ritts começou a carreira no final de década de 70. Foi um dos mais requisitados fotógrafos de moda. Fez editoriais e campanhas, além de trabalhar para revistas especializadas, como Vogue, Vanity Fair, Rolling Stone. Também dirigiu clipes musicais. Entre os artistas com quem trabalhou estão Chris Isaak, Janet Jackson e Madonna.

Um poema para o verão que aproxima-se



Veraneio

Ele a cobria
Com a brisa úmida da tarde
E ela saía assim
Toda feita de brisa

Abençoada pelos olhos que mentiam
Fingindo não ver o que era frágil
As saudades que iam nascer
Por baixo daqueles cabelos

Saía de suas mãos com a força de uma estrela
Ninguém podia ver
Os joelhos feridos
Da menina feliz que ele inventava
Naquelas tardes febris de veraneio

Iracema Macedo

Por que o brasileiro lê pouco?


Fiquemos com a resposta da maior autoridade no mundo, a UNESCO. Para o setor da ONU que cuida de educação e cultura, só há leitura onde: 1) ler é uma tradição nacional, 2) o hábito de ler vem de casa e 3) são formados novos leitores. O problema é antigo: muitos brasileiros foram do analfabetismo à TV sem passar na biblioteca. Para piorar, especialistas culpam a escola pela falta de leitores. ” Os professores costumam indicar clássicos do século 19, maravilhosos, mas que não são adequados a um jovem de 15 anos”, diz Zoara Failla, do Instituto Pró Livro. “Apresentado só a obras que considera chatas, ele não busca mais o livro depois que sai do colégio.” Muitos educadores defendem que o Brasil poderia adotar o esquema anglo-saxão, em que os clássicos são um pouco mais próximos, dos anos 50 e 60, e há menos livros, que são analisados a fundo. mas aí teria de mudar o vestibular, e isso já é outra história.
Raphael Soeiro – Revista Super Interessante – edição 284 – novembro 2010
Leia outras reportgens sobre Hábitos de Leitura no Brasil e No Mundo

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Documentário sobre o Sebo Vermelho é premiado em Cuba




É com grande prazer que registramos o Prêmio recebido pelo cineasta
Paulo Laguardia, que foi vencedor do Festival Internacional de Documentales
Santiago Álvares In Memorian na Categoria "Proyeto", pelo documentario - Sebo Vermelho, o lugar de Abimael. Uma conquista mais do que merecida para
o cineasta potiguar, levando pra além mar um pouco da nossa Batalha. Salve Paulo Laguardia. O documentário continua inédito no Brasil. em breve será postado aqui em nosso blog.
Confira no site do Festival.
http://www.cubacine.cu/festivalsantiagoalvarez/articulos/premiosp.htm

domingo, 21 de novembro de 2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Uma Pipa distante que existe apenas em nossas lembranças.



O Fotografo Marco Polo nos leva para uma viagem ao passado pela Praia da Pipa, em imagens belas e poéticas de uma praia que não existe mais. Um livro que é pura poesia. Será lançado durante o II Festival Literário da Pipa 2010, no dia 18 de novembro as 17h, no estande do Sebo Vermelho.

domingo, 14 de novembro de 2010

Um lugar cheio de arte.

O Lugar é simples, porem todos os objetos chamam atenção,
quadros, molduras, velhos objetos, obras inacabadas e muita história.
Assim é o Ateliê do Mestre Desmoulins Jotó, e do pintor Fábio Eduardo, um lugar impregnado de arte.
Fotos: Alexandre Oliveira