segunda-feira, 25 de abril de 2011

Quantas lágrimas já foram derramadas aqui neste João Cláudio de Vasconcelos Machado.


Quantas lágrimas já foram derramadas aqui neste João Cláudio de Vasconcelos Machado. Quantas alegrias já foram divididas aqui neste João Cláudio de Vasconcelos Machado.

A história do futebol potiguar vem sendo escrita aqui no Machadão desde a década de 70. História escrita com lágrimas e sorrisos, alegrias e tristezas, conquitas e decepcções. O velho Machadão foi palco e testemunha da ascenção e queda de grandes times. Testemunhou conquistas memoráveis e históricas. Derrotas acachapantes e inesquecíveis. Aqui nesta mesma cabine em que estou agora, já estiveram Hélio Camara, Marco Antonio, Lauro Neto, Rubens Lemos, Jota Santiago, Celso Martinelli, Garcia Júnior e tantos outros.

Neste gramado hoje tão mal cuidado já desfilou o talento de Alberi, Danilo Menezes, Scala, Marinho Chagas, Didi Duarte, Odilon e mais recentemente de Robgol, Souza, Sérgio Alves, Zico, Pelé e Romário.

O Machadão de William, autor do primeiro gol do então estádio Humberto de Alencar Castelo Branco. Mas já pisaram aqui também os Muçambas da vida. Coisas do futebol.

O Machadão não vai ser demolido no dia tal ou qual. O Machadão já vem sendo demolido pouco a pouco vitima do descaso de anos a fio de abandono.

Uma obra que nunca foi concluída e que nunca mereceu a atenção devida. Um monumento da história e parte integrante da vida de milhares de potiguares. O Machadão do seu Vicente, do maqueiro Maurilio, e tanta gente que passou por aqui.

O velho estádio, um dos mais bonitos do Brasil e que já foi chamado de poema de concreto armado está vivendo os últimos momentos da vida idealizada concebida pelos traços modernos de Moacyr Gomes.

Salve salve João Claudio de Vasconcelos, salve salve Machadão!

O texto é de autoria do comentarista esportivo Marcos Lopes
http://blog.tribunadonorte.com.br/marcoslopes

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Rei e o Bar






Por João da Mata Costa



Na Avenida Amintas Barros fica situado o Bar do Rei. Um dos bares mais

populares e personalísticos de Natal. Toda a decoração do Bar - incluindo

os guardanapos, mesas, cardápios, trazem a marca do rei Roberto Carlos. Na parede da frente um grande retrato do Xico e o Rei. Fotos e reproduções de todos os seus discos ao longo de uma trajetória vitoriosa de mais de meio-século de música popular brasileira. No Bar do Rei só toca as músicas do rei e seus parceiros.



Ouvir Roberto em casa quase não ouso, mas no bar é diferente e a música

entra como um elemento degustativo especial. O pastelzinho do bar é uma de suas marcas características. Xico, o dono do Bar, é o sócio número um do fã-clube do rei, e todo aniversário do rei é comemorado em

grande estilo. No bar você pode escolher qualquer música do rei para ouvir O rei tem até um parceiro potiguar, quem sabe quem é!? Nesse dia 19 de abril todo o fã clube do Rei comemora os setenta anos do maior fenômeno popular brasileiro. .



O Bar do “Xico Popular” é uma brasa mora! Mesmo não sendo um fá de

Roberto Carlos, não posso deixar de reconhecer sua importância nas nossas

histórias e vidas e na história das mentalidades e costumes brasileiros. A cerveja bem gelada do bar é outro componente importante na sua popularidade que atrai pessoas de todas as classes sociais e sexuais.



Uma das pessoas freqüentadoras e animadoras do Bar do Rei era o Terra-Seca. Faz tempo que não o vejo. Tô com saudades, sentado aqui – esperando -, nesse “sindicato de sócios da mesma dor”

.

Terra é um cara espetacular. Um retrato vivo na moldura inconsútil das

noites do Rei com muitas coroas e louras sem fim. Terra vive eternamente

embriagado das canções do Roberto Carlos, e gosta de cantar por entre

mesas e garrafas. Terra é um funcionário público e recebeu esse apelido

quando foi trabalhar no sul do país e ao ser perguntado de onde vinha,

respondia: Venho de uma Terra-Seca. Terra é uma pessoa afetuosa e ao

chegar no bar faz a diferença. Abraça os amigos e fala monossilabicamente

quando perguntado. Prefere responder com trechos das músicas do Rei.



Certa dia me presenteou com uma camiseta do bar do Rei e trouxe uns

churrasquinhos frios. Tive que comer para não desagradar a gentileza de um cara especial. Algumas pessoas reclamavam do “Terra”, porque ele incomodava ao cantar e gesticular baixinho as músicas do Rei. Tem gente pra tudo.



Para mim, o Terra era uma das grandes atrações da noite boêmia natalense.

Ele não conhece todas as músicas e prefere as mais antigas. Canta baixinho

alguns trechos como se estivesse representando num palco. Ao solicitar uma música fazia um gesto característico com as mãos pedindo para tirá-las lá de baixo. “Emoções”, pede um amigo. Um outro prefere as sessentonas.

Minha amiga lembra da Lady Laura que ele compôs em homenagem á sua mãe morta no ano passado. Eu escuto todas na companhia dos amigos, do Terra e da Loura Suada. Estou com saudades do Terra. “Você meu amigo de fé meu irmão camarada...”.



Evoé Roberto Carlos nos seus setenta anos


Para saber mais. http://www.barrobertocarlos.com.br/

domingo, 10 de abril de 2011

Stefan Zweig e o xadrez da existência nos setenta anos do livro " Brasil País do Futuro"



por João da Mata Costa especial para o Sebo Vermelho

O escritor austríaco Stefan Zweig (Viena, 28 de Novembro de 1881 -
Petrópolis, 23 de Fevereiro de 1942) viveu no Brasil onde cometeu suicídio
em 1942. Sobre o nosso país ele ficou encantado com a diversidade e
convivência de raças e povos das mais diferentes regiões do planeta. De
suas boas impressões do Brasil escreveu "Brasil Pais do Futuro". Nesse
livro Zweig escreve desde o descobrimento (acidental ? ) do Brasil,
capitanias hereditárias, ação jesuítica, invasões holandesa e francesa, a
restauração e a inconfidência mineira, etc. Mesmo vivendo no Brasil no
tempo da ditadura Vargas do Estado Novo ( 1937- 1945 ), quando Olga
Benário foi deportada e morta nos campos de concentração , o escritor
tinha fé no futuro do Brasil devido ao seu presente digno e seu passado
sem guerras e sem necessidade de racializar a política e as relações
humanas ( Ronaldo Vainflas FSP 18/10/2009 ).
No início do século XVIII o Brasil se revela o mais rico país de Ouro do
mundo. Esse ouro vai reconstruir Lisboa depois do terrível terremoto de
1755, e vai influenciar de maneira decisiva a economia européia do
Iluminismo que brilhou em parte com o nosso ouro. O convento de Mafra foi
edificado como "quinto" que por lei o Brasil tinha que enviar para
Portugal (p, p. 80 " Brasil , Pais do Futuro", vol. VI Obras Completas )

Judeu, humanista, pacifista e crítico do nazi-fascismo, teve seus livros
proibidos e queimados em praça pública. Em 1933, sua novela "Ardor
Secreto" foi adaptada para o cinema, incitando a ira dos nazistas contra o
escritor e seu contrato com a editora foi suspenso. Em 1934, Zweig iniciou
sua peregrinação pelo mundo. Inicialmente radicado na Inglaterra, que lhe
concedeu cidadania, Zweig se casou com sua secretária, Charlotte Elizabeth
Altmann.

O jornalista Alberto Dines escreveu um belo livro sobre a sua estadia no
Brasil MORTE NO PARAISO: A TRAGEDIA DE STEFAN ZWEIG
Em 2003, o cineasta Sylvio Back filmou "Lost Zweig", baseado no livro de
Dines, e em 1995 Zweig - A Morte m Cena . Zweig refugiou- se no Brasil
com sua companheira Lotte, protagonizado pela atriz Ruth Rieser. No filme
do Back aparece o escritor Stefan Zweig ( Rüdiger Vogler ) jogando
xadrez - uma de suas grandes paixões -, e "sobre esse jogo que você joga
conta você mesmo" ele escreveu um livro publicado posteriormente à sua
trágica morte.

No filme de Back aparecem imagens do cineasta Orson Wells e o envolvimento
do escritor com uma bela morena que trabalhava nos correios. Zweig chega
no Brasil durante o carnaval e fica encantado com a alegria real dos
brasileiros, apesar das dificuldades econômicas e do governo ditatorial de
Vargas, não tão cruel como os regimes políticos europeus do chamado
primeiro mundo.

Stefan Zweig foi um grande escritor erudito e o seu primeiro livro, uma
coletânea de poemas, foi escrito em 1902 Silberne Saiten (Cordas de
Prata). Escreveu as peças "A metamorfose da comédia" e "A mansão à beira
mar". Seus livros eram editados em grandes tiragens e traduzidos nos
principais idiomas cultos. No Brasil, a Editora Delta, lançou sua Obra
Completa em dez grossos volumes em capa dura. Leio-os com grande prazer e
proveito. Na biografia de Maria Antonieta, um dos seus grandes livros,
Stefan faz uma confissão do fazer biográfico: " ... A história, esse
demiurgo, desdenha personagem central cheio de heroísmo para construir
drama emocionante. O Trágico não resulta tão só dos traços exagerados de
um homem mas, ainda e sempre, da desproporção entre o homem e seu destino
...

Durante a Primeira Guerra Mundial, em 1915, casou-se com a escritora
Friderike von Winsternitz e comprou uma casa em Salzburgo, aonde viveu por
15 anos. Foi uma das fases mais ricas de sua produção literária. Ele
escreveu as biografias de Dostoievski, Dickens, Balzac, Nietzsche, Tolstoi
e Stendhal. Anos mais tarde lançou as biografias de Maria Antonieta,
Fouché, Rilke e Romain Rolland.

Quatro anos mais tarde foi para Nova York e acabou se mudando para o
Brasil em 22 de agosto de 1940. O país o inspirou a escrever "Brasil, país
do futuro". Morando em Petrópolis, cidade serrana do Rio de Janeiro,
finalizou sua autobiografia, "O mundo que eu vi"; escreveu a novela "O
jogador de xadrez", e deu início à obra "O Mundo de ontem", um trabalho
autobiográfico com uma descrição da Europa antes de 1914.

Em 1942, deprimido com o crescimento da intolerância e do autoritarismo na
Europa, e sem esperanças no futuro da humanidade, Zweig escreveu uma carta
de despedida e suicidou-se com a mulher "Lotte", com uma dose fatal de
barbitúricos num copo de água Salutaris. Um ano após essa data, o Brasil
entra na II guerra mundial para combater o Nazismo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Um garoto de Ipanema - Cazuza faria hoje 53 anos



Na definição do dicionário, "cazuza" é um vespídeo solitário, de ferroada dolorosa. Deriva daí, provavelmente, o outro significado que o termo tem no Nordeste: o de moleque. Foi por isso que João Araújo, de ascendência nordestina, certo de que sua mulher Lúcia teria um menino, começou a chamá-lo de Cazuza, mesmo antes de seu nascimento. Batizado como Agenor de Miranda Araújo Neto, desde cedo o menino preferiu o apelido. O nome ele só viria a aceitar mais tarde, ao saber que Cartola, um dos seus compositores prediletos, também se chamava Agenor.

Nascido a 4 de abril de 1958, no Rio de Janeiro, Cazuza foi criado em Ipanema, habituado à praia. Os pais - ele, divulgador da gravadora Odeon; ela, costureira - não eram ricos mas o matricularam numa escola cara, o colégio Santo Inácio, dos padres jesuítas. Como às vezes tinham que sair à noite, o filho único se apegou à companhia da avó materna, Alice. Quieto e solitário, foi um menino bem-comportado na infância.

Na adolescência, porém, o gênio rebelde do futuro roqueiro se manifestaria. Cazuza terminou o ginásio e o segundo grau a duras penas, e, depois de prestar vestibular para Comunicação, só porque o pai lhe prometera um carro, desistiu do curso em menos de um mês de aula. Já vivia então a boemia no Baixo Leblon e o trinômio sexo, drogas e rock 'n' roll. Que ele amasse Jimi Hendrix, Janis Joplin e os Rolling Stones, tudo bem. Mas vir a saber que se drogava e que era bissexual, isso, para a supermãe Lucinha, não foi nada fácil. Assim como não foi, para o pai, ter que livrá-lo de prisões e fichas na polícia, por porte e uso de drogas.

João Araújo não queria o filho na vagabundagem e, em 1976, arrumou emprego para ele na gravadora Som Livre, onde já era presidente. Lá, Cazuza trabalhou no departamento artístico, fazendo a primeira triagem de fitas de cantores novos, e na assessoria de imprensa. Depois foi divulgador de artistas na gravadora RGE, e, após sete meses de um curso de fotografia na Universidade de Berkeley, deu alguns passos como fotógrafo. Mas nada disso o satisfazia.

Graças, contudo, a um outro curso - de teatro, dado pelo ator Perfeito Fortuna (grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone) - Cazuza acharia o seu papel. Não seria representar, mas cantar. É que na montagem da peça "Pára-quedas do coração", conclusão do curso, tudo o que ele fez foi soltar a voz, vindo a gostar muito da experiência. Afinal, música ele já respirava desde criança. Em casa mesmo, se acostumara a conviver com a presença de estrelas da MPB que seu pai produzia. Por que não se tornar também uma delas? Só faltava achar a sua turma.



fonte: http://www.cazuza.com.br/