segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Em tempo..Miranda Kassin-Homenagem a Amy Winehouse


Você conhece a lenda do rito de passagem da juventude dos índios Cherokees?



O pai leva o filho para a floresta durante o final da tarde, venda-lhe
os olhos e deixa-o sozinho.

O filho se senta sozinho no topo de uma montanha durante toda a noite
e não pode remover a venda até os raios do sol brilharem no dia
seguinte.
Ele não pode gritar por socorro para ninguém.
Se ele passar a noite toda lá, será considerado um homem.
Ele não pode contar a experiência aos outros meninos porque cada um
deve tornar-se homem do seu próprio modo, enfrentando o medo do
desconhecido.
O menino está naturalmente amedrontado..
Ele pode ouvir toda espécie de barulho..
Os animais selvagens podem, naturalmente, estar ao redor dele.
Talvez alguns humanos possam feri-lo.
Os insetos e cobras podem vir picá-lo.
Ele pode estar com frio, fome e sede.
O vento sopra a grama e a terra sacode os tocos, mas ele não remove a venda .
Segundo os Cherokees, este é o único modo dele se tornar um homem.

Finalmente.....
Após a noite horrível, o sol aparece e a venda é removida.
Ele então descobre seu pai sentado na montanha perto dele.
Ele estava a noite inteira protegendo seu filho do perigo.

Nós também nunca estamos sozinhos!
Mesmo quando não percebemos, Deus está olhando para nós, 'sentado ao
nosso lado'.
Quando os problemas vêm, tudo que temos a fazer é confiar que ELE está
nos protegendo.

Moral da história:
Apenas porque você não vê Deus, não significa que Ele não esteja conosco.
Nós precisamos caminhar pela nossa fé, não com a nossa visão material.

domingo, 15 de janeiro de 2012

A última dama do cabaré




João da Mata Costa

Foi num cabaré na Lapa / Que eu conheci você / Fumando cigarro, /
Entornando champanhe no seu soirée. / Dançamos um samba, / Trocamos um
tango por uma palestra / Só saímos de lá meia hora / Depois de descer a
orquestra... Dama do Cabaré /Noel Rosa

O epicentro do amor em Natal é movente. Durante muito tempo esse epicentro
esteve na Ribeira onde hoje ainda resta o arpége em ruínas.  Houve um
tempo que um desses templos ficava ali na quinze. Lugar de muitos bares,
sinucas e casas de mulheres da vida fácil. Em tempos não muito afastados
tinha o feijão verde para curar a ressaca. Confluência de várias ruas e
bairros a quinze era o point da época. Ainda rapaz saia da Escola Técnica
para os bares da região. Nesse lugar hoje habitam sebos, barbearias,
brechós, ateliês de arte e alguns bares que lembram os velhos tempos.
Gosto desses lugares e faço deles minha Lapa ou Montparnasse. É assim que
me sentia também na velha Tavares de Lira. Um boêmio no meio de buchudas,
gatos, pedintes, loucos boêmios e artistas. Prefiro esses lugares aos
shoppings. Na quinze ainda tem um bar que frequento. Não sei jogar sinuca,
mas aprecio e jogo, dependendo da ocasião. Como foi nessa tarde jogando
com a nova musa do bar. Errei de tocar duas bolas e perdi a partida.
Nesse bar também você pode cantar karaokê. Muitos jovens aparecem para
mostrar seus talentos. Eu gosto mesmo é de ficar observando. Ultimamente a
frequência do bar aumentou por causa de uma Lolita que pareceu por lá.
Linda. Tenta o vestibular. Trabalha lá para se manter. Como mora longe
muitas vezes dorme no próprio bar.
Não sei e vocês também não precisam saber não vou dizer a graça de
ninguém. O dono, um senhor, muitas vezes aparece sem camisas. O ambiente é
quente e precisa ser ventilado por fazedores de vento. Mas não é da Lolita
que pretendo falar. E não se anime. A menina é funcionária tentando levar
a vida. Peço para colocar o disco do Cae com Gadú. Estava tocando Roberto
Carlos. Meu amigo pergunta se tem cigarro. Só Derby em retalhos. Um pintor
passa pedindo cinco reais para fritar um peixe. Na galeria ao lado tem um
quadro com todo mundo de Natal.
Um rapaz jovem e bonito tá bêbedo. Canta alto e fica difícil conversar. Eu
convidei uns amigos e eles me querem me levar ao PROCOM. A lolita ainda
não apareceu. Quem aparece no meu caminho é uma mulher que bebe muito.
Beija-me a mão quando passa. Fala alto. Diz palavrões. Quando vou ao
banheiro ela está esparramada no chão NUMA CENA não tão boa para muitos
mocinhos. Boêmio, conheço bem onde pouso.
 O rapaz moço que cantava alto acorda e sai com o seu amigo travesti. A
mulher diz outro palavrão e toma mais uma. A nossa mesa, ela diz que é
federal. O ônibus passa e os Paulos e Martas da vida pequena comentam:
que decadência! Todos saem, é tarde do dia e a noite ainda vai começar
prometendo mais emoções. A mulher fala um palavrão maior para todos os
hipócritas. Ela que amou tanto hoje está sozinha e bebe. A luz dos
cabarés para muitos ainda não fechou. Toca ai Dolores Sierra, peço para a
nova mascote do bar. A minha amiga toma mais uma e tenta se equilibrar no
tamborete. Ela é a ultima dona da noite de uma Natal que ainda não se
vendeu. Ela é a minha inspiração nessa tarde de uma Natal que ainda vive
em mim. Não importa que ao sair o pneu estava furado . Não importa o que
você diga. Não importa os malas. O que importa é que bebi na quinze junto
com a minha querida amiga boemia de tantas e tantas trepadas dos outros.
Ao me despedir peço para tocar aquela música cantada pelo Reginaldo
Rossi.
Garçom! Aqui!
Nessa mesa de bar
Você já cansou de escutar
Centenas de casos de amor...
Garçom!
No bar todo mundo é igual
Meu caso é mais um, é banal
Mas preste atenção por favor...
Saiba que o meu grande amor
Hoje vai se casar
Mandou uma carta pra me avisar
Deixou em pedaços meu coração...
E pra matar a tristeza
Só mesa de bar
Quero tomar todas
Vou me embriagar
Se eu pegar no sono
Me deite no chão!...
Garçom! Eu sei!
Eu estou enchendo o saco
Mas todo bebum fica chato
Valente, e tem toda a razão...
Garçom! Mas eu!
Eu só quero chorar
Eu vou minha conta pagar
Por isso eu lhe peço atenção...
Saiba que o meu grande amor
Hoje vai se casar
Mandou uma carta pra me avisar
Deixou em pedaços meu coração...
E prá matar a tristeza
Só mesa de bar
Quero tomar todas
Vou me embriagar
Se eu pegar no sono
Me deite no chão!...
Saiba que o meu grande amor
Hoje vai se casar
Mandou uma carta prá me avisar
Deixou em pedaços meu coração...
E pra matar a tristeza
Só mesa de bar
Quero tomar todas
Vou me embriagar
Se eu pegar no sono
Me deite no chão!
Saudações, leitores! Hoje falarei sobre o livro Quase Nada Para Escrever, do potiguar Walter Won Berbe, publicado pelo Sebo Vermelho Edições. É uma coletânea de textos escritos nos anos 60, que foram postumamente descobertos em sua casa pela família e publicados.


Quase Nada Para Escrever é uma obra originalíssima em termos estéticos. Com manuscritos do autor, textos datilografados e desenhos reproduzidos em papel couché, o livro nos parece aqueles cadernos bem pessoais que todos nós temos, nos quais escrevemos aquilo que nos vem em mente sem maiores preocupações. Sentimos-nos sempre próximos do que está escrito. O projeto gráfico ficou impecável. Eu não mudaria coisa alguma.


Minha primeira experiência com o livro foi magnífica. Não o abri pelo início, mas uma página que estava mais aberta que as outras. Imaginei ser um cartão, pois o livro me foi um presente de aniversário, porém o que eu encontrei foi um objeto que jamais imaginei estar dentro de um livro como parte do seu texto. Causou-me riso e admiração. É um pedaço de papel higiênico no qual se lê "my song is far away".


Decerto, ao abri-lo naquela página não comecei a ler o livro de forma errada, pois ele pode ser lido em qualquer ordem sem qualquer prejuízo. São poemas, manchas de tinta, desenhos e objetos colados sem uma conexão elementar explícita. Há uma verdadeira anarquia estrutural que faz de Quase Nada Para Escrever uma verdadeira obra de arte que vai além da própria literatura. Abra-o, folheie-o, sinta e pense o que o livro tem a mostrar.


O que mais gostei foi o texto "43 perguntas sobre a pergunta que me faço diariamente sem perceber", um dos mais instigantes ensaios-poemas que já li. A primeira coisa a notar é que não são 43 perguntas. São 43 reflexões, que se agrupam em dicotomias, ditos e desditos, pares contraditórios e afirmações. E, claro, há perguntas propriamente ditas. Abaixo um trecho:


23. Eu fumo e odeio o fumo.
O fumo e o ódio são-me caros
eu alimento e mato-ME por eles.

24. O ódio me condiciona a ser um ser social.
A ser um ódio condicional, a ser um cigar
ro, um sapato.


O que menos gostei? Difícil dizer. Para a proposta do livro, nada faltou. O que não gosto é do fato de eu sempre voltar a ele para ler qualquer coisa aleatoriamente, abrindo-o em qualquer página por mera vontade de consultá-lo. Por que tem de ser tão envolvente? Isso me incomoda bastante! (De uma forma boa, claro.)


Ah, houve mais uma coisa que não gostei: não encontrei muitas informações sobre o autor, por mais que pesquisasse. O que pude colher é que Walter Won Berbe nasceu em 1944 em Maracajaú-RN. Era profundamente ligado à cultura oriental, sendo adepto do budismo, da yoga e da dieta macrobiótica. Um George Harrison norte-riograndense. Nos anos 70, se não estou equivocado, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se fixou até a sua morte em 1989.


Para adquirir o livro, entrem em contato com o Sebo Vermelho pelo e-mail sebovermelho@yahoo.com.br. Visitem também a página da Sebo Vermelho Edições.


Dedico esta postagem a Martina Farias, que há um ano me escolheu este livro como presente de aniversário. Foi um ótimo presente.


Autor: André Marinho
do blog Ligados FM - Confira: http://www.ligadosfm.com/#ixzz1jZ7DR87i

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Enélio Petrovich e o Instituto Histórico e Geográfico - Por João da Mata Costa

Caros Colegas,

Não pretendia escrever; mas os depoimentos últimos me levaram a: … Nem
tanto ao mar nem tanto à terra onde reina a mesmice e o conformismo. Os
grupos estão formados. Diógenes reina há muito tempo numa coisa chamada
Academia Norte-Rio Grandense de Letras. Um anacronismo. Um ajuntamento de
colegas mais ou menos letrados. Por que não falar de Enélio e seu filho e
não (sim ) de outros clans? E aqui é diferente, não sabia! Os Robsons, os
Aluízios, os Cascudos, os Galvões, Os Uh (ivos), os poetas (vige!). Melhor
parar que hoje não vou terminar.

No caso específico do IHG e outros no Brasil há que se lembrar do contexto
em que eles foram criados. Uma afirmação da nacionalidade. Um ajuntar
documentos que afirmasse a tal da nação que engatinhava Conteana. No IHG /
RN o que é feito de seus preciosos documentos não é diferente do que é
feito com a cultura desse estado. Um descalabro (veja a Biblioteca que
leva o nome de Cascudo). Uma não memória quando o que se deseja e proclama
é o contrário.

A instituição que mantém um Barleus precisava ser melhor tratada e
gerenciada. Climatizada. Instituição que já produziu alguns dos maiores
documentos da nossa história recente precisava ser administrada por alguém
culto e que compreendesse essa história. E não ficar falando asneiras
daqui e de lá.

É indefensável uma administração de meio século. Conservadora, sim!.
Medíocre mas não diferente de outras no nosso estado e outros. Enélio não
foi menos culto que outros no nosso estado e editou livros importantes. A
instituição defenestrada recebeu no mês passado duas dezenas de colegas
nossos. Por que eles entraram nessa instituição falida e combatida?
Orgulho? Vaidade? Melhor perguntar a eles.

Sempre fui bem recebido por Enélio e os funcionários do IHG. Livros
desaparecem aqui e alhures: Biblioteca Nacional, Biblioteca Zila Mamede,
Cooperativa Cultural, Sebos, etc. Livros são mal cuidados em todos os
lugares.

Enélio foi o guardião de uma “certa” memória. De uma tradição que pode não
ser a que desejamos. O que sabemos é que o inestimável acervo de mais de
50 mil títulos do IHG precisa ser conservado. Que venham outros Olavinhos
e Cláudios, que fazem por ser dessa instituição cultural de um estado sem
memória.

Respeitemos essa hora de velar o morto. Enélio morre quando festejamos os
Reis Magos e sua festa que leva os peregrinos à fortaleza onde tudo
começou e lembra essa tradição proclamada por Enélio, Cascudo e Hélio
Galvão.

Salve meu querido amigo Enélio

Ab imo corde.



sábado, 7 de janeiro de 2012

Soneto do Verão Inaugural - Jarbas Martins


Antes, bem antes que o verão estenda
... os panos no varal e seus cajus
maturem o vão instante, e antes que os
ventos se soltem e cantem a tua lenda,

bem antes que do céu o ouvido atenda
ao grito da gaivota que transluz,
salte o peixe do mar, no ar esplenda
o seu rastro veloz de escama e luz,

possa eu te amar em tua brônzea cama,
em nossas noites de paixão e jogo,
murmúrios, quietude, paz e drama,

num entregar-se de dunas, sal e fogo,
condenado ao jardim de tuas delícias,
ao inferno (ateu céu), nossas primícias.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Henfil não aguentou os chatos de Natal por João da Mata Costa


No dia 04 de janeiro de 1988 Henfil falecia na flor da idade.
Ele foi um homem genial em sua curta e meteórica existência. Seu traço era
cortante e tinha a exigüidade e síntese da poesia. Criou muitos
personagens que tinham a cara e cacoetes dos brasileiros. Lutou
incansavelmente contra a ditadura e, junto com seus dois irmãos, formaram
um trio que dominou a cena brasileira nas décadas de exceção do regime
político brasileiro. Nos Estados Unidos seu desenho não fez sucesso.
Claro, o "tio Sam" era um dos seus alvos preferidos na destilação do
veneno. Veio morar em Natal e não foi feliz. Queria ouvir aboio e foi
ferido por outros cornos. Ubaldo veio a Natal em 78, e levou sua mulher e
alegria. Difícil colocar os pés novamente no chão e criar. Na criação ele
vivia e dava o troco. Ubaldo virou "o paranóico". Difícil no trato e na
convivência, como os homens geniais. Berenice não sabia que ele gostava
tanto dela. E ele só soube que a amava tanto quando a perdeu.

Em Natal morou na ponta do morcego e não gostou. Não conseguia produzir e
teve sua casa roubada. Foi morar na Amintas Barros, onde conseguiu se
isolar dos "chatos" ( imagina hoje com a lista do Rafael elevada à enésima
potencia) e produziu um pouco mais. Trabalhou nos manuscritos de
Henfil na China. Difícil foi tirar o nome da amada de suas produções
subseqüentes e no forno. Em Natal, deixou alguns amigos e traços. A "Pax
Turismo" mantinha na sua parede alguns dos seus desenhos originais.

A Associação dos Docentes de Ensino Superior (A ANDES) foi criada em 1980,
e pediu permissão para usar a Graúna do Henfil como logotipo em suas
camisetas.
Henfil, um grande cartunista ligado aos movimentos de esquerda, não negou
tal associação e seu traço esteve abrilhantando nossas camisetas e
documentos durante muito tempo. Infelizmente o amigo Henfil faleceu
precocemente e a Andes já não é mais a mesma. O seu desenho na camiseta é
só mais um desenho que marcou a história de um belo movimento da história
sindical do Brasil. Cresci junto e torcendo pelo Henfil. As cartas à sua
mãe era o que tinha de melhor na antiga "Isto é". Uma forma inteligente e
lúcida de passar as mensagens em tempo de censura. Saudades de você, meu
amigo. Pena que você não ouviu aboio na terrinha. Obrigado por tudo!


domingo, 1 de janeiro de 2012

Cangaceiros do Nordeste..Uma jóia literária para os amantes do tema "Cangaço"



O paraibano Pedro Baptista escreveu e publicou Cangaceiros do Nordeste, a primeira publicação sobre o cangaço brasileiro, em 1929, na Parahyba do Norte, quando o mundo caía com a crise econômica e João Pessoa não existia como cidade.
Cangaceiros do Nordeste é a história do cangaço, de 1724 ao começo do século XX, na Paraíba, Pernambuco, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, quando os cangaceiros famosos eram Padre Veras, José Antônio, Cabeleira, José Félix Mari, Jesuíno Brilhante, Liberato e toda a grande Família Terrível. Grande parte dos combates acontecem na Serra do Teixeira, Borborema e Pajeú.
O Rio Grande do Norte é citado em diversas páginas do livro de Pedro Baptista, assim como Martins, Portalegre, Pau dos Ferros, Caicó, São João do Sabugi, Jardim do Seridó, Serra Negra e Patu. Em certo momento, quando a justiça pernambucana procurava Liberato, um coronel sugere que ele vá residir e conviver com Jesuíno Brilhante, em Patu, em 1870.
O livro de Pedro Baptista, a maior raridade da bibliografia do cangaço, termina com o significado da palavra cangaceiro: “o vocábulo cangaceiro, de cangaço, homem de cangaço, recebeu do autor d’Os Sertões, página 223, e de Gustavo Barroso, em nota 16 à página 31 de Heróis e Bandidos, o seguinte batismo: Armamento; de canga, porque o bandoleiro antigo sobrecarregava-se de armas, trazendo o bacamarte passado sobre os hombros como uma canga. Andava debaixo do cangaço”.
Pedro Baptista nasceu em 1876 e faleceu em 1937, sem perceber a importância de sua obra. Setenta e dois anos depois, o Sebo Vermelho reedita Cangaceiros do Nordeste, em edição fac-similar, com um agradecimento todo especial ao pesquisador Francisco Pereira, de Cajazeiras, que foi o autor da descoberta desta raridade. Obrigado, Francisco Pereira!

Abimael Silva
Sebista e editor