domingo, 7 de novembro de 2010

De 1981 a 2010, João Gilberto Noll publicou dez livros


Carlos de Souza - especial para o Viver

Um rápido passeio pela internet vai dar ao leitor as seguintes informações sobre o escritor João Gilberto Noll. Ele nasceu em 1946 na cidade de Porto Alegre (RS). Em 1969, após ter abandonado o Curso de Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde começou a trabalhar como jornalista nos jornais Última Hora e Folha da Manhã. Em 1970, publicou seu primeiro conto na antologia Roda de Fogo, organizada por Carlos Jorge Appel, de Porto Alegre. Em 1970 mudou-se para São Paulo, retornando ao Rio em 1971. A partir de 1974 voltou aos estudos de Letras e passou a lecionar no Curso de Comunicação na PUC do Rio de Janeiro. Em 1980, publicou seu primeiro livro, O Cego e a Dançarina. A partir daí começou a acumular prêmios, como Revelação do Ano, da Associação Paulista de Críticos de Arte; Ficção do Ano, do Instituto Nacional do Livro e o Prêmio Jabuti.
Noll é um autor prolífico. De 1981 a 2010 já publicou A Fúria do Corpo, Bandoleiros, Rastros de Verão, Hotel Atlântico, O Quieto Animal da Esquina, Harmada (Prêmio Jabuti), A Céu Aberto (Prêmio Jaboti), Contos e Romances Reunidos, Canoas e Marolas, Berkeley em Bellagio, Mínimos Múltiplos Comuns (Prêmio Jabuti), Lorde, A Máquina do Ser, Acenos e Afagos, Anjo das Ondas. Além disso, ele já recebeu vários prêmios internacionais, teve livros lançados da Inglaterra, foi bolsista e professor convidado na Universidade de Berkeley, nos EUA. O crítico Karl Erik Schollhammer, em seu livro Ficção Brasileira Contemporânea diz, “Noll cumpre uma trajetória que o identifica, inicialmente, como o intérprete mais original do sentimento pós-moderno de perda de sentido e de referência. Sua narrativa se move sem um centro, não ancorada num narrador autoconsciente; seus personagens se encontram em processo de esvaziamento de projetos e de personalidade, em crise de identidade nacional, social e sexual”. Noll é presença confirmada no Flipipa, dia 20 de novembro, quando falará sobre sua própria narrativa tendo a participação de Ilza Matias e Carlos Peixoto. Conversei com ele pela web e recebi estas respostas sucintas como são seus livros em geral.

Você gosta de participar de festivais literários?

A escrita é uma produção bem solitária. Então é realmente estimulante você ter nos festivais literários uma oportunidade de poder dialogar sobre a sua obra com os leitores presentes.

Como você vê a literatura no Brasil hoje?

Acho que a literatura brasileira hoje está vivendo um verdadeiro renascimento. Quando lancei meu primeiro livro, em 1980, não havia a metade do surgimento de novos autores de qualidade como acontece agora. É Marcelino Freire, é Marçal Aquino, é Paloma Vidal, enfim, são muitos, e que já nascem com vigor e sabedoria.

Nunca se publicou tanto no Brasil. Você acha que o brasileiro está lendo muito?

Não sei se o brasileiro de uma maneira geral está lendo tanto assim. O que acontece é que as faculdades de letras trabalham hoje muito mais com autores contemporâneos. Os festivais literários se multiplicam. Os escritores assim têm mais contato com seu público, as motivações para a leitura crescem bastante. Por tudo isso, os jovens, posso dizer, eu acho, os jovens, mesmo com a presença esmagadora da internet, estão pegando mais no livro de papel.

Você acha que há uma tendência para substituir a grande narrativa por um novo tipo de obra literária?

Acho que sim. A velocidade dos tempos modernos pedem, sim, obras menos extensas, mais ágeis. Parece que não há mais aparato neurológico para seguir epopéias infindáveis.

Seus personagens parecem perdidos numa solidão sem fim. Como você explica isso?

Eu não sei explicar. Deixo que meu inconsciente me diga o caminho. Eu me abandono nos temas, só isso.

Você volta a ler seus livros já publicados?

Volto com alguma frequência para sentir se há outros modos de percebê-los.

Como é seu processo de criação?

O de dar forma à correnteza desse mesmo inconsciente.

Em que você está trabalhando agora?

Por enquanto é segredo, até para mim mesmo.

Fonte: Jornal Tribuna do Norte

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