MORTE TERMO TEMOR
Marcilio Medeiros
Aguarda: tom de neve.
Água parda proscreve
a rapidez. Agora tarda
Afeito: bom para sumir,
de terra desfeito, vai surtir
único e último efeito.
Fira: dom da faísca.
Fogo de pira confisca
quem só se reproduziu na lira.
Alarde: som de alaúde,
ar de notas arde sobre o ataúde,
antes que chegue a tarde.
OBSCURO
Marcilio Medeiros
sempre há uma brecha
raios a decepar flores
a nudez das cores reservadas
estiletes eretos na raspagem
da poeira que se esconde
e repousa na limitada
decomposição que lhe resta
as dobras dos móveis
sua carapaça, seu secreto
labirinto onde maturam
os dias passados em objetos
um sopro, uma falha
traz o arpão incendiado
a gralha silenciosa, mas munida
a riscar o olhar assustado
de coisas mal-dormidas
Marcilio Medeiros
(nascido em Caicó e que vive socado (sempre que pode) em São João do Sabugi, embora more atualmente em Aracaju, após 30 anos de Recife).
Está presente na blogosfera em http://vidaliteraria3.zip.net/
Segue Marcílio no nobre ofício de brincar a sério com as palavras.
ResponderExcluirSua poesia é experimento e vivência, é ritmo com rima, é cerebração que se faz na bigorna ao pulsar do coração.
Esse menino já foi longe e só nos resta admirá-lo!
Felizes devem estar os potiguares e, com toda razão hão de ter dele muito orgulho.
Abraços, Marcílio.
perfeitos
ResponderExcluirPela felicidade do comentário, só posso fazer minhas as palavras do Abel.
ResponderExcluirExcelentes, Marcílio.